O globo, n. 31671, 23/04/2020. Especial Coronavírus, p. 6

 

O número 2 de Teich

Bela Megale

23/04/2020

 

 

General Pazuello diz que fica na saúde ‘até tudo se acalmar’

PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS/21-05-2018Número dois. General Eduardo Pazuello, novo secretário-executivo do Ministério da Saúde, diz que seu papel é organizar a logística no combate à Covid-19

 O novo secretário executivo do Ministério da Saúde, o general Eduardo Pazuello, chega para ser o número dois do ministro Nelson Teich, mas alerta que vai ficar no posto “até tudo isso se acalmar”, referindo-se à crise da Covid-19. Teich anunciou ontem, em entrevista coletiva, o nome de Pazuello. O militar foi indicado diretamente pelo presidente Jair Bolsonaro e entrará no lugar de João Gabbardo, que atuou como braço direito de Luiz Henrique Mandetta, demitido na semana passada.

Pazuello conheceu Teich só dois dias antes de ser anunciado por ele como seu principal auxiliar. O encontro foi dentro do Palácio do Planalto, intermediado pelo próprio presidente em seu gabinete. Ao GLOBO, o general, que comanda a 12º Região Militar, responsável pela área que inclui a Amazônia Ocidental, contou que recebeu uma ligação de Bolsonaro na última sexta-feira o “convocando para a missão”.

—O ministro Nelson Teich tem que escolher toda a equipe. Ficaremos o tempo que for necessário, não tem data. Pode ser um, quatro meses. O meu compromisso com o presidente é ajudar no que for necessário, até tudo ficar redondo. Sou comandante da 12º Região Militar, não tem general na gaveta, não. Comando 5 mil homens na Amazônia. Vamos apoiar. Depois, voltamos —disse.

Questionado sobre o que pensa em relação ao isolamento social, medida criticada por Bolsonaro, Pazuello desconversou e disse que essa estratégia será definida por Teich.

— Sou responsável pelo operacional. Não tenho esse processo decisório comigo, nem a visão do todo, estava comandando tropa até ontem —afirmou.

O general destacou que, pelo menos por ora, está fora do seu escopo de trabalho elaborar estratégias de combate à Covid-19.

— Essa missão é com o ministro Teich, ela não é dicotômica. E assim que ele conseguir selecionar as pessoas com quem vai trabalhar, vamos capacitá-las e ir tirando essa equipe de apoio. Pazuello afirma que, até o momento, o presidente não pediu que acelerassem o fim da quarentena.

— Só falamos da estratégia, desse modelo que estamos desenvolvendo de auxiliar o ministro. Não falamos de nenhum aspecto sobre saúde —garantiu.

A escolha do nome de Pazuello se deve ao sucesso que teve à frente da Operação Acolhida, dedicada a receber imigrantes venezuelanos em Roraima, na qual atuou até dezembro do ano passado, quando foi promovido comandante da 12º Região Militar. Lá, era o general quem pilotava toda logística dos abrigos e viagens de interiorização dos imigrantes.

REMÉDIOS E EQUIPAMENTOS

A experiência lhe rendeu o “cargo tampão” no Ministério da Saúde, onde ele também será o responsável pela logística de distribuição de remédios, equipamentos de proteção, entre outras atividades.

—A ideia é atuar na parte administrativa, auditando o que for feito, tendo cuidado para não fazer as coisas erradas. Monitoramento, logística, apoio, necessidades de transportar medicamentos, coordenação com ministérios, isso vai cair na minha mão — resumiu ele, afirmando que deve trazer entre dez e 12 pessoas para auxiliá-lo na pasta.

O convite para trazê-lo a Brasília teve apoio em peso de toda ala militar do governo. Segundo Pazuello, a sua nomeação e de parte de sua equipe deve sair até amanhã ou segunda-feira.

Para o general, o maior desafio da nova equipe da Saúde é “trocar a roda com o carro andando”, já que o Brasil somou, até ontem, 45.757 casos oficiais de contaminação do novo coronavírus e 2.906 óbitos.

— Temos que trocar a roda com o carro andando. Imagina um cara chegar sozinho numa situação como essa, com gente indo embora, e ele tendo que ter resposta para o combate ao coronavírus e ainda indicar pessoas para não sei quantos cargos. O presidente não pode colocar o cara sozinho, tem que colocar a equipe pra apoiar — afirmou Pazuello.

“Ficaremos o tempo que for necessário, não tem data. Pode ser um, quatro meses” 

Eduardo Pazuello, novo secretário-executivo do Ministério da Saúde