Valor econômico, v.21, n.5001, 15/05/2020. Brasil, p. A12

 

Com quase 14 mil mortes, Bolsonaro volta a atacar bloqueio

Estevão Taiar

Renan Truffi

Rafael Bitencourt

15/05/2020

 

 

O Brasil superou ontem a marca dos 200 mil casos confirmados de covid-19. De acordo com o Ministério da Saúde, o número de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus subiu de 188.974 para 202.918 em 24 horas. Além disso, foram registrados 844 novos óbitos, com o total de mortes alcançando 13.993. As novas mortes representam uma aceleração em relação aos 749 óbitos do dia anterior.

Mesmo com o crescimento dos números, o presidente Jair Bolsonaro defendeu duas vezes ao longo do dia o fim da quarentena. "O Brasil não suporta mais esse bloqueio tão grande. Economia e emprego são vida. Ganhando mal ou não ganhando nada, você tem um problema, vai ter um organismo enfraquecido. Isso é tratar [o assunto] com responsabilidade", disse em transmissão ao vivo nas redes sociais, acrescentando que o lockdown "agressivo" não teve êxito "em nenhum lugar no mundo".

Mais cedo, Bolsonaro relatou que ouviu pedidos pela abertura do comércio durante videoconferência promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). "Os empresários vêm demonstrando preocupação de que a economia está se estagnando e eles estão buscando uma maneira de abrir o comércio, logicamente com responsabilidade", afirmou.

Em entrevista coletiva ontem, o secretário substituto de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Eduardo Macário, afirmou que "não há nenhuma perspectiva neste momento de estabilização ou diminuição" da doença no país.

Até agora, a pasta já distribuiu mais de 3 milhões de testes do tipo PT-PCR e outros 5 milhões de testes rápidos, segundo Macário. O secretário afirmou que a realização dos 46 milhões de testes planejados pelo ministério seguem um cronograma com cinco fases, ao longo de todo o ano. Atualmente, o cronograma está na segunda fase.

"Não são 46 milhões de testes que chegam aqui agora", disse, garantindo que o planejamento terá "uma resposta efetiva" para identificar casos da doença.

O secretário afirmou ainda que, do total de mortes causadas pela covid-19 no Brasil, 65% das pessoas tinham pelo menos um fator de risco, como cardiopatia, hipertensão, obesidade ou obesidade mórbida.

O Estado de São Paulo segue na liderança com o maior número de casos diagnosticados (54.286) e mortes (4.315). O Rio de Janeiro é o segundo Estado com mais óbitos (2.247). Pelos números da Universidade Johns Hopkins, o Brasil ocupa o sexto lugar no mundo em número de casos confirmados da doença e também em número de mortes decorrentes da covid-19.