O globo, n. 31707, 29/05/2020. País, p. 6

 

Rejeição a bolsonaro bate recorde, e base se mantém

29/05/2020

 

 

Datafolha aponta que avaliação negativa do governo chegou a 43% após a divulgação de vídeo de reunião ministerial

 A rejeição ao presidente Jair Bolsonaro cresceu durante o último mês e registrou seu maior índice desde o início do governo. É o que aponta pesquisa Datafolha divulgada ontem e feita entre a última segunda e terça-feira, após a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. Os dados apontam que 43% dos brasileiros consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo. Na pesquisa anterior, de 27 de abril, o índice era de 38%.

A pesquisa aponta ainda que a aprovação a Bolsonaro segue estável: 33% consideram seu governo ótimo ou bom, mesma porcentagem de abril. Já a proporção de eleitores que acham o governo regular caiu de 26% para 22%, indicando uma migração de pessoas que estavam nesse campo para uma avaliação negativa, uma vez que não houve mudança na taxa de aprovação. Não souberam ou não quiseram responder 2% dos entrevistados.

A rejeição ao presidente é maior e atinge 53% entre os que disseram ter assistido ao vídeo da reunião ministerial, apontada pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro como prova de interferência de Bolsonaro na Polícia Federal. Nesse mesmo segmento, 31% aprovam o governo do presidente. A rejeição e a aprovação entre quem não assistiu ficam em 32% e 35%, respectivamente.

CONFIANÇA EM QUEDA

A avaliação negativa do governo é maior entre quem tem maior renda. Entre os mais ricos, que ganham mais de dez salários mínimos, a rejeição ao presidente é de 49%, enquanto a aprovação é de 42%. Nesse segmento, a fatia daqueles que acham Bolsonaro regular é de 8%. Entre quem tem renda de cinco a dez salários, 48% reprovam Bolsonaro. Já entre os mais pobres, com renda de até dois salários mínimos por família, a taxa dos que avaliam o governo como ruim ou péssimo é de 43%. Na faixa de dois a cinco salários mínimos, o índice é similar, de 42%.

A rejeição ao presidente é maior também entre os brasileiros com maior escolaridade: chega a 56% entre quem tem ensino superior contra 43% daqueles que têm ensino médio e 36% de quem tem ensino fundamental. No Nordeste, 48% reprovam o governo, ante 45% no Sudeste, 39% no Sul e 38% no conjunto das regiões Norte e Centro-Oeste.

O Datafolha aponta ainda que Bolsonaro tem o pior índice de aprovação de presidentes eleitos a esta altura de um primeiro mandato desde a redemocratização. A pesquisa questionou também o nível de confiança em Bolsonaro. O percentual de entrevistados que disseram nunca confiar nas declarações do presidente subiu de 38% para 44%. Disseram confiar às vezes 32% contra 37% em abril, e disseram sempre confiar 21%, mesmo percentual do mês passado.

Segundo o levantamento, 52% acham que Bolsonaro perdeu a capacidade de governar, e 45% acham que ele ainda possui. Sobre a liturgia da Presidência, acham que Bolsonaro nunca se comporta de forma adequada ao cargo 37% dos entrevistados contra 28%, há um mês. Já os que acham que ele se comporta mal na maioria das vezes oscilou de 25% para 23%, dentro da margem de erro. E os que acreditam que o presidente respeita as regras e normas do cargo são 13% (eram 14% em abril).

RECORDE PRESIDENCIAL

O Datafolha aponta ainda que Bolsonaro tem o pior índice de aprovação de presidentes eleitos a esta altura de um primeiro mandato desde a redemocratização. Entre aqueles sofreram impeachment, o hoje senador Fernando Collor tinha 41% de rejeição, com um ano e seis meses de mandato. Já Dilma Rousseff tinha aprovação de 65% e 5% de rejeição em março de 2012, no primeiro mandato.

A pesquisa ouviu 2.069 pessoas por telefone entre os dias 25 e 26 de maio de 2020. A margem de erro é de dois pontos percentuais.