Correio braziliense, n. 20848 , 21/06/2020. Brasil, p.7

 

50 mil vidas perdidas

Jorge Vasconcellos

21/06/2020

 

 

CORONA VÍRUS » Dados do Ministério da Saúde apontam 1.022 mortes nas últimas 24 horas, elevando o número de mortos pela pandemia no país, totalizando 49.967. São Paulo bate dois recordes de mortes e continua no topo do ranking nacional de casos

O número de notificações do novo coronavírus no Brasil chegou a 1.067.579, sendo 34.666 registradas entre sexta-feira e ontem, conforme dados do Ministério da Saúde. Nesse mesmo período, segundo a pasta, foram contabilizados 1.022 novos casos fatais, elevando o número de mortos pela pandemia de covid-19 no país a 49.976.

Já o consórcio formado por veículos de imprensa divulgou que o Brasil ultrapassou a marca de 50 mil mortes, com 964 casos fatais e 30.972 notificações da doença registrados no mesmo intervalo de comparação. No acumulado desde o início da pandemia, o país atingiu o total de 50.058 óbitos e 1.070.139 infectados. Formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL, o consórcio apura os dados junto às secretarias estaduais de Saúde.

O estado de São Paulo continua sendo a unidade da federação com o maior número de casos e de mortes — 215.793 e 12.494, respectivamente —, de acordo com os dados do Ministério da Saúde. O Rio de Janeiro mantém-se na segunda posição, com 95.537 contaminações confirmadas e 8.824 óbitos. O Ceará continua em terceiro lugar, com 92.156 casos confirmados e 5.518 mortes.

Com as 262 mortes registradas, ontem, pelo governo paulista, o estado teve na semana o registro recorde de 1.913 casos fatais. O aumento semanal deve-se a outro recorde: pela primeira vez o estado registrou quatro dias seguidos com mais de 300 mortes diárias.

Na segunda-feira (15), o Comitê de Saúde da gestão João Doria (PSDB) havia apontado uma tendência de estabilização nas mortes e chegou a comemorar a primeira queda semanal, apesar de a diferença ter sido de apenas três óbitos em relação à semana anterior. Entre os dias 7 a 13 de junho, o estado havia registrado 1.523 novas mortes por coronavírus. Na semana anterior, 1.526.

O balanço de mortes semanal é importante para avaliar o avanço da doença, pois há uma grande variação das notificações de um dia para o outro. Os novos casos de covid-19 e as mortes diárias são contabilizados de acordo com o registro no sistema e não com o dia em que ocorreram. Os valores costumam ser menores aos finais de semana e às segundas-feiras, atingindo picos no meio da semana.

Após o novo aumento de mortes verificado nesta semana, a equipe do governo paulista afirmou que o número está dentro das projeções realizadas pela equipe de saúde. A estimativa deles é que o estado deve alcançar entre 15 mil a 18 mil mortes no total até o fim do mês.

O governo estadual iniciou a flexibilização gradual da quarentena em 1º de junho, antes que houvesse queda sustentada de novas mortes ou casos confirmados da doença, o que não é recomendado por especialistas. Segundo eles, a reabertura do comércio, que já teve início em diversas regiões do estado e causou aglomerações em várias cidades, pode começar a impactar negativamente os dados das próximas semanas.

O relatório mais recente da Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que o número de mortos em decorrência do novo coronavírus ao redor do mundo subiu para 456.973. Os dados foram compilados com informações recebidas pela organização até as 5h (de Brasília) de ontem. Houve aumento de 6.271 mortes em relação às informações disponibilizadas na sexta-feira.

A quantidade de casos de covid-19 confirmados oficialmente no planeta aumentou para 8.525.042. Os dados podem estar defasados em relação aos últimos levantamentos divulgados individualmente pelos países, pois foram fechados no começo do dia de ontem.

Consideradas as informações disponíveis, a taxa global de mortalidade dos casos confirmados de coronavírus é de 5,3%. No período registrado pela OMS, os três países onde houve maior número de novos casos foram Estados Unidos (23.046), Brasil (22.765) e Índia (14.516). Neste mesmo intervalo de tempo, Brasil (1.238), Espanha (1.179) e Estados Unidos (733) foram os que registraram o maior número de novas mortes.

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Jurista morre vítima de covid-19

21/06/2020

 

 

O jurista Sylvio Capanema, 82, morreu na madrugada de ontem, no Rio, vítima do novo coronavírus. Ele estava internado no Hospital Copa Star, na Zona Sul, que confirmou a morte, sem maiores detalhes. Desembargador aposentado, Capanema foi advogado, professor de Direito Civil e um dos autores do projeto de lei que resultou na Lei do Inquilinato (nº 8.245, de 1991).

Em uma rede social, a família de Capanema agradeceu as demonstrações de carinho recebidas durante os quase três meses nos quais ele ficou internado, lutando contra a doença. Ele era pai dos juízes do TJ-RJ Marcia Santos Capanema de Souza, João Paulo Knack Capanema de Souza e Flávia Santos Capanema de Souza

A Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amerj) divulgou nota lamentando a morte do jurista, que foi vice-presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), classificando-o como notável magistrado, advogado e professor.

O governador do Rio, Wilson Witzel, prestou condolências à família do desembargador aposentado em uma postagem no Twitter. Ex-juiz federal, Witzel afirmou que “Capanema continuará sendo uma referência no direito imobiliário brasileiro”.

Natural do Rio, Capanema formou-se em 1960 pela Faculdade Nacional de Direito. De 1970 a 1994, exerceu o cargo de consultor jurídico da Associação dos Proprietários de Imóveis do Rio de Janeiro e da Confederação das Associações de Proprietários de Imóveis do Brasil. Foi, também, fundador da Associação dos Advogados do Direito Imobiliário (Abami).

Após 33 anos de atuação como advogado, ingressou na Magistratura do Estado do Rio de Janeiro em 1994. No Tribunal de Justiça do Rio, Capanema atuou na 10ª Câmara Cível, junto ao atual ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux. Em abril de 2008, aposentou-se compulsoriamente, ao completar 70 anos.

“Procurei uma Justiça soberana, serena e forte. Esforcei-me em cada processo que julguei, tentando entender as partes, com seus medos e ambições. Fiz o possível para não ser um acomodado espectador da nova ordem jurídica”, afirmou, ao despedir-se do TJ-RJ. Depois disso, voltou a advogar e criou o escritório Sylvio Capanema de Souza Advogados Associados.

Frase

"Capanema continuará sendo uma referência no direito imobiliário brasileiro”.

Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro