Correio braziliense, n. 20838 , 11/06/2020. Cidades, p.26

 

Reforço no combate à dengue

Caroline Cintra

11/06/2020

 

 

SAÚDE » Secretaria aprovou plano de enfrentamento ao Aedes aegypti. Principal objetivo é reduzir a incidência e os óbitos decorrentes das doenças transmitidas pelo mosquito. Vigilância Entomológica realiza, diariamente, visitas aos imóveis do Distrito Federal

Os casos de dengue crescem a cada semana no Distrito Federal — são quase 35 mil registros da doença durante os cinco primeiros meses do ano. Para combater o Aedes aegypti, o Colegiado de Gestão da Secretaria de Saúde do DF aprovou o Plano de Enfrentamento da Dengue e Outras Arboviroses (2020 — 2023). O documento traz ações de combate à doença, além de chikungunya e zika. A decisão foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) de ontem, e a íntegra está disponível no site da pasta.

O plano tem o objetivo de ampliar a capacidade de resposta integrada dos serviços de Assistência e de Vigilância do DF e, assim, reduzir a incidência e os óbitos causados pelas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. O documento divide as orientações em três eixos: vigilância, mobilização e apoio logístico, e determina as responsabilidades de cada setor.

A Vigilância Entomológica, por exemplo, deve realizar visitas diárias aos imóveis da capital federal para detecção, instrução, coleta de dados e eliminação de focos larvários. O monitoramento da infestação do Aedes aegypti por amostragem deve ser feito, pelo menos, quatro vezes ao ano, com, no mínimo, 80% de cobertura. O documento ainda destaca como devem ser feitas as investigações de casos suspeito de dengue e a divulgação das informações, além de fortalecer a notificação da rede privada, com definição de óbitos suspeitos e amostras para exames.

O plano é dividido em quatro níveis de ativação das ações e define as medidas a serem tomadas em cada uma delas. Os níveis vão desde o período de baixa transmissão, quando a incidência por semana permanece abaixo de 100 casos por 100 mil habitantes, até o nível mais grave — situação de emergência — , com incidência de 300 casos por 100 mil habitantes.

Casos

De acordo com o boletim mais recente da Secretaria de Saúde, divulgado na última semana, nos primeiros cinco meses do ano foram registrados 34.456 casos de dengue e 25 mortes no Distrito Federal — um aumento de 2,1 mil novas ocorrências e mais seis mortes registradas em duas semanas. O número de óbitos é menor, se comparado ao mesmo período do ano passado, quando 32 pessoas perderam a vida pela enfermidade. Porém, houve um aumento de 44,2% no número de casos em relação a 2019, quando o DF tinha 23.890 ocorrências de dengue na mesma época.

Ceilândia continua sendo a cidade com o maior número de notificações prováveis da doença: 4.146. Em seguida, aparecem Gama (4.108) e Santa Maria (3.117). Taguatinga conta com 2.580 casos, seguida por Samambaia (2.557) e Guará (2.257). O Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) é a região com menos registros: nove. A baixa incidência também ocorre no Sudoeste/Octogonal (71). As duas regiões não tiveram aumento de casos nas últimas duas semanas de maio.

Ações

Na última terça-feira, o Núcleo de Vigilância Ambiental de Samambaia, junto ao Comando do Exército, fez a inspeção de 324 casas na QR 120, de Samambaia Sul. O intuito é orientar os moradores sobre os cuidados com os locais que podem virar foco do Aedes aegypti. Ontem, a equipe supervisionou os imóveis das quadras 400, de Samambaia Norte, e contou com o apoio do Corpo de Bombeiros.

Moradora de Samambaia há 13 anos, a vendedora Raíssa Melo, 29 anos, teve dengue no início do ano. Para ela, as ações deveriam acontecer diariamente em todo o DF. “Eu sofri demais com a doença, e é triste saber que mais de 30 mil pessoas passaram pela mesma situação. O governo deve atuar antes de chegar a esse número. Agora, espero que não seja tarde e que não tenha mais tantas vítimas”, disse. “Espero que venham na minha quadra também (QR 602) para fiscalizar, porque o que mais encontramos são focos de dengue. Sei que a população tem culpa, mas as ações de conscientização são muito importantes”, destaca.

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Força-tarefa realiza queimada controlada

Celimar de Meneses*

11/06/2020

 

 

Para evitar incêndios de grandes proporções, uma força-tarefa realizou, ontem, queima controlada na área ambiental Estação Ecológica de Águas Emendadas (Esecae), em Planaltina. A ação foi organizada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF).

A Esecae foi escolhida para a ação por ter histórico de queimadas na época de seca. Em setembro do ano passado, a área de conservação teve, pelo menos, 75 mil metros quadrados queimados em incêndio florestal. A técnica utilizada na operação de ontem consiste em reduzir o material combustível dentro de uma unidade de preservação.

“Existe todo um estudo técnico por trás, onde colocar o fogo, o planejamento, o melhor dia, o horário, os melhores dias em termos de vento e temperatura para usar essa técnica de prevenção aos incêndios florestais”, explicou Carolina Schubart, responsável pelo Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do DF (PPCIF), da Sema.

Segundo o Ibram, a Esecae é uma das mais importantes reservas naturais do DF, onde ocorre o fenômeno único da união de duas grandes bacias da América Latina: a Tocantins/Araguaia e a Platina, em uma vereda de 6km de extensão. Essa característica faz dela um dos acidentes geográficos de maior expressão existentes no território nacional: as águas que ali brotam correm em duas direções opostas.

Segundo a Sema, a possibilidade de manejar áreas com a utilização do fogo é uma técnica recente no DF, mas que já vem sido utilizada em várias unidades de conservação federal, como no Parque Nacional de Brasília (PnB) e na Floresta Nacional de Brasília (Flona), dentre outras.

“A queima controlada faz com que, caso ocorram incêndios na época da seca, o controle pelas equipes de respostas seja facilitado, e que o fogo não atinja as regiões com tanta agressividade. Portanto, contribui para a preservação da fauna e flora das áreas de risco. Essa medida deve ser realizada com planejamento e, atualmente, só é permitida com autorização do Ibram. Por este motivo, está restrita às unidades de conservação a cargo de seus gestores e chefes”, informa o capitão João Henrique Correia, do Grupamento de Proteção Ambiental.

Próxima ação

Outra queima controlada será realizada, de 15 a 19 de julho, desta vez na Área de Proteção Ambiental (APA) Cabeça do Veado. Para esta área, a técnica de queima será diferente da utilizada em Planaltina; chama-se aceiro negro. “Nessa técnica, queima-se os entornos das unidades de conservação, pois é no entorno que normalmente os incêndios acontecem, devido a cigarros ou palitos de fósforo que as pessoas jogam”, explica o professor do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade de Brasília (UnB), Eraldo Matricardi.

* Estagiário sob supervisão de Adson Boaventura