Valor econômico, v.21, n.5014, 03/06/2020. Política, p. A6

PF vai apurar vazamentos de dados

Murillo Camarotto

03/06/2020

O governo determinou à Polícia Federal que apure os vazamentos de informações pessoais do presidente Jair Bolsonaro, de seus familiares e de alguns políticos aliados. Os dados foram divulgados na noite de segunda-feira nas redes sociais por um grupo chamado "Anonymous".

Ontem, ao comentar o ocorrido, Bolsonaro classificou os vazamentos dos dados como "clara medida de intimidação". Foram disponibilizadas ao público informacoes como endereços, números de telefone e imóveis.

"Em clara medida de intimidação, o movimento hacktivista 'Anonymous Brasil' divulgou, em conta do Twitter, dados do presidente da República e familiares. Medidas legais estão em andamento, para que tais crimes não passem impunes", escreveu o presidente em suas redes sociais.

À tarde, o ministro da Justiça, André Mendonça, informou ter determinado à PF que abrisse um inquérito para investigar os vazamentos. "As investigações devem apurar crimes previstos no Código Penal, na Lei de Segurança Nacional e na Lei das Organizações Criminosas", afirmou o ministro.

Além de Bolsonaro, o grupo de hackers vazou informações dos ministros Abraham Weintraub (Educação) e Damares Alves (Direitos Humanos). Também foram atingidos dois filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), além do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP).

"A turma 'pró-democracia' vazou meus dados pessoais e de outros na internet. Após vermos violações do direito à livre expressão, agora ferem a privacidade. Sob a desculpa de 'combater o mal', justificam seus crimes e fazem justamente aquilo que nos acusam, mas nunca provam!", afirmou Carlos, em suas redes.

O caso também está sendo investigado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O diretor do Departamento de Segurança da Informação, general de Brigada Antônio Carlos de Oliveira Freitas, confirmou a investigação e disse que o Twitter, plataforma por onde foram divulgadas as informações, agiu rápido para apagar as mensagens.

Grande parte das informações vazadas, contudo, já são públicas, como bens declarados em prestações de contas eleitorais. Alguns internautas criticaram o alarde feito pelo grupo na divulgação de dados já conhecidos.