O Estado de São Paulo, n.46212, 26/04/2020. Internacional, p.A16

 

OMS adverte contra ‘passaporte da imunidade’

26/04/2020

 

 

Agência da ONU questiona se pessoas curadas estão realmente imunes; número de mortos pela covid-19 chega a 200 mil no mundo

Precaução. Muçulmanos em Nova York oram por vítimas do coronavírus antes de funeral

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou ontem contra a entrega de “passaportes de imunidade”, uma ideia proposta por vários países para acompanhar a suspensão de medidas de confinamento.

A agência da ONU jogou por terra as esperanças dos que apostavam em uma eventual imunidade dos curados da covid-19, em um momento em que alguns países se preparam para fazer testes sorológicos em massa para descobrir quem tem anticorpos e abrandar as medidas de isolamento social.

“Não há nenhuma prova neste momento de que as pessoas que se curaram da covid-19 e têm os anticorpos estejam imunizadas a uma segunda infecção”, disse a OMS em um comunicado.

Mortos no mundo. O número de mortes causadas pelo novo coronavírus chegou a 200 mil no mundo ontem, segundo um levantamento em tempo real da Universidade Johns Hopkins. De acordo com a mesma instituição, os casos de infecções chegam a 2.865.938, enquanto o número de pacientes curados é de 810 mil.

Os países com mais mortes são Estados Unidos, Itália, Espanha, França e Reino Unido. Os EUA registraram 52.782 mortes, a Itália, 26.384, a Espanha, 22.902, a França, 22.245 e o Reino Unido, 20.319.

O avanço da doença nos cinco continentes se dá no momento em que dezenas de países planejam flexibilizar as medidas de distanciamento social e de circulação de pessoas, como tem ocorrido em nações europeias e em alguns Estados americanos. A OMS pede cautela para as nações e continua recomendando o distanciamento físico.

Enquanto na Europa a curva de contágios parece entrar em uma descendente e na América Latina, em uma ascendente, a corrida por encontrar o produto adequado já começou nos laboratórios, com meia dúzia de testes clínicos, especialmente no Reino Unido e na Alemanha.

Nesta semana, a OMS e líderes globais lançaram uma ação de cooperação mundial histórica para desenvolver uma vacina e tratamentos contra o vírus.

O objetivo é acelerar o desenvolvimento, a produção e a distribuição equitativa de vacinas, diagnósticos e remédios para combater a pandemia. O grupo espera arrecadar ¤ 7,5 bilhões.

A partir do dia 4, a Itália lançará uma campanha de testes sorológicos em 150 mil pessoas em escala nacional para tentar averiguar mais dados sobre a pandemia e dar, assim, uma resposta melhor à crise. A Itália, país da Europa mais afetado pela pandemia, superou ontem os 26 mil mortos.

Alguns países já começaram a abrandar as medidas de quarentena, mas os balanços continuam refletindo uma situação catastrófica: o Reino Unido superou ontem 20 mil mortos em hospitais. Esta cifra não leva em conta as mortes ocorridas em lares geriátricos onde, segundo representantes do setor, milhares de idosos teriam morrido.

A América Latina e o Caribe superaram ontem 150 mil casos de contágio, que causaram a morte de mais de 7.400 pessoas na região, segundo balanço da agência France Presse feito com dados oficiais.

O mundo muçulmano começou o mês do jejum do Ramadã sem orações coletivas, nem refeições compartilhadas. A maioria dos países muçulmanos do Oriente Médio, do Norte da África e da Ásia fechou as mesquitas e proibiu as reuniões familiares. / AFP e REUTERS

Advertência

Não há prova de que as pessoas que se curaram da covid-19 e têm os anticorpos estejam imunizadas a uma segunda infecção”

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE