Correio braziliense, n. 20830 , 03/06/2020. Negócios, p.9

 

Bolsonaro diz que participará do G-7

Marisa Wanzeller*

03/06/2020

 

 

Após indicações de que o Brasil não seria chamado para a reunião do G7 que será sediada pelos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirma que conversou com Donald Trump na tarde da última segunda-feira e, por fim, participará do encontro. No último sábado, Trump teria dito que estenderia o convite a outras nações e formaria um “G10 ou G11”, o Brasil, porém, não foi citado na ocasião.

O encontro, que ocorreria em junho, será adiado, provavelmente, para setembro. O G7, que representa os países mais industrializados no mundo, é formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Trump sugeriu a complementação do bloco, que segundo ele estaria com a composição desatualizada, com a Austrália, Rússia, Coreia do Sul e Índia.

A China, apesar de ser a segunda maior economia do mundo, não está presente no grupo. De acordo com o cientista político Guilherme Casarões, a “decisão de Trump em resgatar a centralidade do G7 demonstra seu desejo de isolar a China, com quem trava uma guerra comercial e tecnológica, do debate econômico global”, visto que desde 2008, o centro das discussões econômicas internacionais deslocou-se do G7+Rússia para o G20, que incorporava as economias emergentes.

A falta de convite ao Brasil poderia representar um afrouxamento no laço que o governo Bolsonaro vem tentando estabelecer com os EUA. Contudo, o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília Juliano Cortinhas enfatiza que o rebaixamento do Brasil aos olhos de outras potências mundiais é uma consequência da política externa estabelecida pelo chanceler Ernesto Araújo e por Jair Bolsonaro, “que se concentrou, exclusivamente, em aspectos ideológicos e deixou de buscar a maximização do interesse nacional nas relações exteriores”.

De acordo com o professor, a política externa dos Estados Unidos é pragmática e o país só investe em parceiros que “verdadeiramente tenham algo a oferecer”. Segundo ele, a simples aproximação ideológica entre Bolsonaro e Trump não garante prestígio ao Brasil, que passa por profundas crises no momento.

*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo