Correio braziliense, n. 20829 , 02/06/2020. Cidades, p.16

 

Mais 10 mil confirmações

Walder Galvão

02/06/2020

 

 

CORONA VÍRUS » Apenas em maio, o Distrito Federal registrou 8.964 novos casos e 127 mortes por causa da covid-19 - no total, são 160 na capital. Ceilândia ultrapassou Plano Piloto e, agora, aparece como a cidade com o maior número de óbitos e de infectados

Após quase três meses do primeiro diagnóstico do novo coronavírus, o Distrito Federal ultrapassou os 10 mil casos confirmados e registrou 160 mortes provocadas pela doença. Entre 1º de maio e ontem, a capital registrou expressivo crescimento de diagnósticos e óbitos. Apenas no período, foram 8.964 novos casos e 127 pessoas que perderam a vida para a covid-19. Enquanto isso, as unidades de terapia intensiva (UTI) começam a sentir o impacto do aumento dos infectados.

Em 1º de maio, segundo levantamento da Secretaria de Saúde, o DF tinha 1.546 diagnosticados e 31 mortos. Boletim divulgado pela pasta ontem mostra que há 10.510 infectados. Ou seja, em um mês, os diagnósticos cresceram mais de 500%, e a quantidade de óbitos, 400%. Além disso, 13 moradores do Entorno faleceram em unidades de saúde da capital.

Apesar da quantidade de casos, o número de recuperados também avança. No total, 5.580 pessoas estão curadas da covid-19. Portanto, o DF tem 4.759 casos ativos, 45% do total de diagnosticados. Desses, 71 têm quadro clínico considerado grave, 228 moderado, 2.460 leve e 2 mil em análise. Ao todo, são 5.507 homens e 5.003 mulheres infectados pela doença.

Ceilândia, região administrativa mais populosa do Distrito Federal, tornou-se a cidade com a maior quantidade de pessoas diagnosticadas e mortas pelo coronavírus. Em maio, ocorreram 961 infecções e 30 pacientes perderam a vida para a doença. Atualmente, são 1.066 casos e 34 óbitos. Em 1º de maio, Ceilândia contabilizava 72 infectados e quatro mortos. Portanto, a quantidade de casos subiu quase 14 vezes, e o número de óbitos, sete, durante o período. Agora, o Plano Piloto, com 952 contaminados, aparece em segundo lugar no ranking de maior incidência da covid-19. Em seguida, está Taguatinga, com 693 notificações.

Com o aumento de casos no DF, a quantidade de internações provocadas pelo novo coronavírus crescem diariamente e impactam na capacidade hospitalar. Relatório mais recente da Secretaria de Saúde, divulgado ontem, mostra que a taxa de ocupação de unidade de terapia intensiva (UTI) chegou a 46,27%. No total, são 322 vagas e 149 pessoas internadas. Na rede privada, o sistema encontra-se mais carregado. Segundo levantamento da pasta, são 155 internados em UTIs de hospitais particulares, para 210 vagas. Ou seja, a taxa de ocupação atingiu 73,64%.

Pesquisa

O Distrito Federal dá mais um passo nas pesquisas de combate ao coronavírus. Hoje, o primeiro voluntário para a pesquisa com plasma doará sangue. O estudo, feito em parceria entre a Universidade de Brasília (UnB), a Fundação Hemocentro de Brasília e a Secretaria de Saúde, busca descobrir se a transferência do material é capaz de ajudar no tratamento de pacientes com a covid-19.

O estudo foi aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), vinculada ao Conselho Nacional de Saúde (CNS) do Ministério da Saúde, na semana passada. Agora, os pesquisadores acompanharão a progressão da doença em 200 pessoas. Metade delas receberá o plasma de pessoas recuperadas da covid-19. O material é parte do sangue que guarda anticorpos. O método ajuda no tratamento de diversas viroses, e, agora, será avaliado se funciona com o coronavírus.

Em alta

Evolução de casos no Distrito Federal em maio

Data      Casos    Mortes

1º de abril           340         4

1º de maio          1.546     31

1º de junho        10.510   158

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Bares e restaurantes pressionam por reabertura

Agatha Gonzaga

02/06/2020

 

 

Cerca de 40 mil trabalhadores de bares e restaurantes poderão perder os empregos na próxima sexta-feira, caso o GDF não defina até lá o planejamento de reabertura desses setores. A previsão da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) leva em consideração o fim do prazo da medida provisória do governo federal, que estabeleceu a possibilidade de suspensão de contratos por até 60 dias. O encerramento da regra será na quinta-feira.

Representantes da Abrasel, do Sindicato Patronal de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar) e empresários estiveram ontem no Palácio do Buriti para apresentar ao GDF um estudo técnico a partir de indicadores e comparativos que embasam a reabertura dos segmentos na capital federal. No entanto, a reunião marcada com o secretário de Saúde, Francisco Araújo; a secretária de Empreendedorismo, Fabiana di Lúcia; e o chefe da Casa Civil, Valdetário Andrade, foi cancelada. Assim, os empresários deixaram o local sem uma proposta de solução para a manutenção desses empregos.

O grupo alega que o setor não sobreviverá ao terceiro mês paralisado e diz que, até o momento, 10 mil servidores formais, associados ao sindicato, perderam os empregos e que cerca de 360 empreendimentos declararam falência. Alguns tradicionais, como Piantella e Fritz. “Se não tivermos retorno do GDF até quarta-feira, vamos começar a preparar as rescisões. Até porque precisamos comunicar o desligamento com 48h de antecedência”, declarou Eilson Studart, sócio do grupo Coco Bambu. “A empresa vai quebrar, mas as maiores prejudicadas são essas famílias, que vão passar fome. Além disso, no Entorno, tudo funciona, fora os estabelecimentos que trabalham na informalidade. Quem gera emprego e paga imposto é penalizado”, criticou Alberto Pinheiro, presidente da Abrasel, vice-presidente do Sindhobar e também sócio do Coco Bambu.

O Grupo Empresários em Ação divulgou nota de apoio à reabertura “por grande respeito ao momento dramático que vive este importante segmento do setor produtivo. Torcemos para que as autoridades entendam a urgência em ser atendido o pleito das entidades de classe Sindhobar e Abrasel”, ressaltou o presidente do Sindivarejista, Edson de Castro.

Em nota, o GDF informou que uma nova data para o encontro entre os setores de bares e restaurante e o Executivo Local será definida. E reforçou que “regras e prazos para reabertura de restaurantes, quando definidos, serão oportunamente publicados em decreto no Diário Oficial do Distrito Federal”.

O estudo

O documento técnico que seria apresentado ao GDF compara as taxas de letalidade do coronavírus em Brasília em relação a outras cidades que reabriram bares e restaurantes. “Nós temos uma baixa letalidade entre as cidades que a gente pesquisou. Além disso, o DF é um dos que mais realiza testes de covid-19”, argumentou o diretor da rede Mobile Hotéis e empresário da Vallute Consultoria, Rafael Menna. Entre os municípios citados no estudo estão Uberlândia, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis e Aracaju.

Rafael destaca que, em alguns países da Europa, as operações respeitam todas as políticas de isolamento, distanciamento entre as mesas, limitação da ocupação nos restaurantes, entre outras medidas. E, com o retorno das atividades do setor no DF, as mesmas orientações também serão seguidas.

Na reunião que serviria para apresentar a proposta, estiveram presentes Jamil Lessa, representante do DF Plaza; Eilson Studart, sócio do Coco Bambu; João Alberto Pinheiro, também do Coco Bambu; Rosário Tessier, empresário da Tratotia da Rosário; Rafael Menna, da Vallute Consultoria e do Nobile Hotéis; Flávio Alves, do Potiguar; Laura Oliveira, da Levvo e do McDonald’s; e Nadin Haddad, representante do Sindhobar e da Associação Nacional de Restaurantes (ANR).

Frase

"Se não tivermos retorno do GDF até quarta-feira, vamos começar a preparar as rescisões. Até porque precisamos comunicar o desligamento com 48h de antecedência”

Eilson Studart, sócio do grupo Coco Bambu