Correio braziliense, n. 20831 , 04/06/2020. Cidades, p.21

 

Ano letivo volta em 29 de junho

Thais Umbelino

04/06/2020

 

 

Secretário João Pedro Ferraz marca data para que os estudantes da rede pública de ensino do DF passem a acompanhar as aulas não presenciais, pela tevê ou internet, com aferição de presença dos alunos

Assim como a retomada de algumas atividades na capital, a Secretaria da Educação anunciou, ontem, o retorno do ano letívo por meio de aulas não presenciais. De acordo com o cronograma divulgado pela pasta, o ensino a distância obrigatório, com teleaulas e acesso a plataformas na internet, está marcado para 29 de junho. O anúncio ocorreu durante uma live no YouTube pelo secretário João Pedro Ferraz. A retomada será mediada pela tecnologia. Na mesma data, está prevista a liberação da plataforma Google Sala de Aula, com acesso gratuito para professores e estudantes da rede pública cadastrados.

Para garantir que o retorno das atividades escolares ocorra de forma ordenada, a volta de gestores e professores está prevista para hoje e amanhã, respectivamente. De 8 a 12 de junho, os docentes passarão pelo acolhimento e pela formação, para que, de 15 a 19 de junho, eles possam produzir os conteúdo para a plataforma. Em 22 de junho, as aulas são retomadas, mas sem controle de presença. A partir de 29 de junho, a frequencia do aluno será aferida.

Aqueles que não tiverem acesso ao conteúdo digital poderão acompanhar as aulas pela televisão ou por material impresso. Segundo o secretário de Educação, a pasta vai tentar suprir todas as necessidades. “Nem todos têm internet, então nós estamos correndo para fazer com que o maior número de alunos possível tenha acesso à internet. Se não tiver acesso à internet, vamos mandar o conteúdo pela televisão. Não tem acesso à internet e à televisão? Nós vamos tentar levar o material físico à casa do aluno. Vamos tentar atender a todos”, declarou João Pedro durante a live.

Coordenador do Escola em Casa DF, David Nogueira também participou da transmissão. Ele informou que as aulas ministradas pela televisão serão ao vivo e depois estarão disponiveis na plataforma digital para acompanhamento dos estudantes. Além disso, David esclareceu que a frequência e a avaliação serão feitas pelos professores por meio da realização de atividades. A pasta informou que as aulas presenciais só retornarão por decisão do governador, quando Ibaneis tiver certeza de que a pandemia esteja sob controle e não ofereça mais riscos à comunidade escolar.

Ao Correio, a diretora do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) Rosilene Corrêa avalia que as aulas remotas propõem atividades em que os professores estão sujeitos a se deslocar às unidades de ensino e se preocupa com o envio de material impresso aos alunos durante uma pandemia. “Todos estamos correndo risco, mas não dá para pegar uma parcela dos alunos e dos professores e colocar em maior risco”, diz. A diretora do Sinpro chama a atenção para uma pesquisa realizada pelo sindicato, a qual indica que mais de 100 mil alunos da capital não teriam acesso a recursos tecnológicos. “Nós entendemos que é preciso tomar providências, mas que elas, de fato, contemplem todos, que ninguém fique excluído nesse atendimento. Para isso é necessário que o governo garanta acesso (aos conetúdos) da totalidade dos alunos e às condições de trabalho dos professores”, pontua.

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Celebrações retorna

04/06/2020

 

 

 A população do Distrito Federal contou, ontem, com a retomada das celebrações religiosas, seguindo decreto publicado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB). Com adaptações, os templos receberam fiéis. Na Igreja Católica, ficou a cargo de cada paróquia decidir sobre o retorno das missas.

O Santuário Dom Bosco, na Asa Sul, distanciou bancos, colocou tapetes e pontos de álcool em gel na entrada e passou a controlar a entrada, medindo a temperatura, conferindo o uso de máscara e prestando orientações. “Na minha interpretação, o melhor remédio contra o coronavírus, hoje, é o isolamento social. Mas, existem pessoas que necessitam de atendimento espiritual e a eucaristia se faz necessária”, pontua o padre Jonathan Costa. O fiel Giovani Barbalho, 53 anos, foi à Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, na Asa Sul, no começo da manhã de ontem. “Eu gosto de ir à igreja quase diariamente, em horários em que não há missas, para entrar e fazer minhas orações”, disse.

Nas igrejas evangélicas, houve pouca movimentação ao longo do dia de ontem, principalmente, pelo fato dos cultos acontecerem, prioritariamente, durante a noite. Segundo o presidente do Conselho de Pastores Evangélicos do Distrito Federal (Copev), Josimar Francisco da Silva, o retorno dos fiéis também deve ocorrer aos poucos. “A volta será lenta e gradual. Isso já foi previsto pelo conselho, em uma pesquisa on-line que fizemos. As pessoas estão voltando tranquilas. Além disso, quem está no grupo de risco não vai entrar na igreja. Temos essas restrições. Então, isso também afeta o retorno total”, disse. De acordo com Josimar, as igrejas estão preparadas para a retomada das atividades presenciais.

Restrições

Alguns templos e casas religiosas seguem com atividades suspensas, mesmo com a permissão do GDF. Segundo a Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e Entorno, os donos de terreiros das religiões de matriz africana foram orientados a não abrirem as casas. Centros espíritas seguem fechados até 30 de junho, de acordo com a Comunhão Espírita de Brasília. A Associação Cultural Israelita de Brasília também vai aguardar. “Enquanto isso, continuamos com atividades on-line”, afirmou a presidente da associação, Tamara Socolik. Já no Centro Islâmico de Brasília, na 912 Sul, os cultos da mesquita serão semanais, às sextas-feiras, com tempo reduzido e medição de temperatura dos frequentadores, na entrada, além da disponibilização de álcool em gel.

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População aproveita parques abertos

04/06/2020

 

 

O movimento foi grande nos parques no primeiro dia de retomada das atividades, após mais de 70 dias fechados. No total, 18 espaços ficaram à disposição da população, que aproveitou para caminhar, correr e pedalar. As áreas de lazer passaram por limpeza, ganharam sinalizações e tiveram algumas instalações bloqueadas, como quadras esportivas, equipamentos de musculação, banheiros e bebedouros. Fiscais do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e da Secretaria de Esportes e Lazer visitaram alguns pontos e deram orientações a quem praticava exercícios, como uso de máscara e evitar aglomerações.

De acordo com o Ibram, cerca de 70 mil moradores do DF visitam os parques da capital por semana. “As pessoas querem se exercitar, ter um espaço agradável, em meio à natureza, para respirar. Então, essa reabertura vem de um anseio da sociedade. Mas estamos cumprindo protocolos de saúde pública, porque a pandemia não pode ser esquecida. Ou seja, é uma busca pelo equilíbrio”, afirmou Cláudio Trinchão, presidente do Ibram. As condições listadas em decreto para a reabertura dos parques incluem: horário de funcionamento das 6h às 21h, uso obrigatório de máscara, proibição de qualquer tipo de comércio e bloqueio de áreas coletivas.

Respiro

O gerente de segurança Darlan Santos, 41 anos, e a professora Andrea Gomes, 42, aproveitaram a reabertura dos parques para dar um respiro em meio ao confinamento. O casal trabalha em esquema de home office. “Nós acabamos não tendo hora para fazer outra coisa a não ser trabalhar, começamos cedo e terminamos à noite. Então, viemos ao Parque de Águas Claras de manhã cedo, sem celular, para ter esse refúgio, conversar sobre outros assuntos. Isso faz bem para a saúde mental”, explica Andrea.

Infectologistas lembram que sair do isolamento é se expor a riscos e deve ser evitado, principalmente por quem tem sintomas da covid-19, como febre, gripe, perda do olfato ou paladar. “Mas todos precisam se cuidar, até porque a maioria da população tem alguma comorbidade que pode agravar o quadro. O sobrepeso faz alguém ser de grupo de risco. Agora, é hora de recomendar o máximo de cuidado possível”, detalha Marli Sartori, infectologista do Hospital Santa Lúcia.