O globo, n. 31679, 01/05/2020. Especial Coronavírus, p. 8

 

Cargos na pandemia

Daniel Gullino

Thais Arbex

Natália Portinari

Naira Trindade

01/05/2020

 

 

Governo negocia posto-chave na saúde

REPRODUÇÃOO presidente Jair Bolsonaro estendeu a mão para cumprimentar ontem militares durante sua visita ao Comando Militar do Sul (CMS), em Porto Alegre. A saudação presidencial, porém, foi recusada e depois respondida com os cotovelos, diante do risco de contaminação pelo novo coronavírus. O primeiro a negar o aperto de mão foi o comandante do Exército, general Edson Pujol.

 O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que não ofereceu a legendas o comando de nenhum ministério, presidência de banco ou estatais. Bolsonaro não mencionou, no entanto, cargos no segundo escalão, que são negociados com partidos do centrão. Entre eles está a chefia da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde, ocupada hoje por Wanderson Oliveira,epidemiologista indicado pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e que permanece no cargo para uma transição, a pedido do novo titular da pasta, Nelson Teich. O posto é estratégico na contenção da pandemia causada pelo novo coronavírus.

— Não existe nenhum ministério sendo oferecido para ninguém, como aconteceu no passado, nenhuma presidência de banco oficial e tampouco estatais. Esse é o nosso trabalho, vai continuar sendo feito dessa maneira —disse Bolsonaro, à Rádio Guaíba.

O presidente afirmou que conversa com líderes de “todos os partidos”, exceto os de esquerda. O interessado no cargo de secretário de Vigilância na pasta da Saúde é o PL, partido comandado de forma indireta por Valdemar Costa Neto, ex-deputado condenado no mensalão. Apesar de negar ter feito a indicação, o líder do partido na Câmara, Wellington Roberto (PB), já encaminhou um nome para o governo federal.

O indicado é um médico, segundo deputados que não quiseram revelar o nome do candidato à vaga. A sigla espera pela avaliação do nome, após uma indicação favorável do governo de que o cargo poderia ser ocupado pelo partido. A negociação acontece em meio à oferta de cargos federais para quatro grandes siglas do centrão: PP, PL, PSD e Republicanos. As presidências do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), do Banco do Nordeste e da Codevasf são as mais cobiçadas.