O Estado de São Paulo, n.46211, 25/04/2020. Política, p.A10

 

Alexandre Ramagem é escolhido para dirigir PF

Felipe Frazão

Jussara Soares

25/04/2020

 

 

Delegado é o atual chefe da Abin; Secretário-geral e ex-presidente do TJ-SP são cotados para assumir vaga de Moro
O presidente Jair Bolsonaro decidiu ontem indicar o delegado Alexandre Ramagem Rodrigues como novo diretor-geral da Polícia Federal (PF), no lugar de Maurício Valeixo. Delegado de carreira do órgão, ele atualmente dirige a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e tem apoio dos filhos do presidente para assumir a PF.

Para comandar o Ministério da Justiça, Bolsonaro avalia junto com seus aliados três nomes: o ministro-chefe da SecretariaGeral da Presidência, Jorge Oliveira, o ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) Ivan Sartori e o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Gustavo Torres.

A favor de Oliveira conta a proximidade com a família Bolsonaro. Ele também é considerado um dos ministros mais fortes do governo e um dos principais conselheiros do presidente. A escolha dele para o ministro da Justiça é considerada a mais segura entre interlocutores do presidente. O ministro é filho do capitão do Exército Jorge Francisco, que morreu em 2018, e que durante 20 anos foi chefe de gabinete de Bolsonaro.

Advogado e major da Polícia Militar, Oliveira foi chefe de gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Ele iniciou o governo no comando da Subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ), mas foi promovido a ministro ao assumir a Secretaria-Geral da Presidência, em junho de 2019.

O desembargador aposentado Ivan Sartori , porém, mantém conversas reservadas com interlocutores do presidente, segundo o Estado apurou. Em das decisões mais notórias das quais participou no TJ-SP, em 2016, Sartori foi relator de recurso que anulou os júris que haviam condenado 74 policiais militares pelo massacre do Carandiru, em que 111 detentos foram mortos, em 1992. Após a decisão, o desembargador insinuou em suas redes sociais que parte da imprensa e das organizações de direitos humanos é financiada pelo crime organizado.

Outro cotado, Anderson Torres, é amigo do presidente. Anteontem, em meio à crise institucional após anúncio da demissão de Maurício Valeixo do cargo de diretor da Polícia Federal, o governador Ibaneis Rocha (MDB), que se reaproximou do presidente nos últimos dias, afirmou ao Estado que seu secretário seria um “ministro 100 vezes melhor” do que o ex-juiz da Lava Jato.