Correio braziliense, n. 20812 , 16/05/2020. Economia, p.8

 

Sai calendário da 2ª parcela dos R$ 600

Marina Barbosa

16/05/2020

 

 

CORONAVÍRUS » Liberação dos recursos começa na segunda-feira. Caixa espera liberar 3 milhões de saques por dia nessa fase e promete evitar aglomeração de pessoas nas agências. Quem teve o cadastro recém-aprovado deve aguardar a data para receber o benefício

O pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial de R$ 600 vai começar na próxima segunda-feira, três semanas depois do prazo inicialmente anunciado pelo governo. O calendário foi divulgado ontem pelo Executivo, que não explicou o motivo do atraso, mas garantiu entregar os R$ 600 aos trabalhadores de forma mais organizada desta vez, evitando a formação de novas filas nas agências da Caixa. Para isso, o calendário vai se estender até 16 de junho e pode, portanto, acabar postergando o último pagamento do benefício.

“Trabalhamos para reduzir ao máximo a questão das filas e evitar a exposição das pessoas ao coronavírus. Temos mais de 35 mil pessoas nas agências, que funcionam em horário ampliado”, afirmou o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. O banco espera processar, no máximo, 3 milhões de saques por dia. É um volume que, segundo Guimarães, cabe com tranquilidade na capacidade de atendimento. “No outro calendário, chegamos a pagar 7 milhões de pessoas no mesmo dia. Foi o caos. Aqui, tem no máximo 3 milhões, com o aplicativo Caixa Tem funcionando melhor e com todo mundo sabendo quando vai receber”, afirmou.

Para conseguir controlar o volume de saques, o governo precisou fazer um calendário cheio de detalhes, que confundiu os brasileiros em um primeiro momento. É que os beneficiários do Bolsa Família vão receber o auxílio emergencial nos dias já programados para aquele benefício. Porém, os demais trabalhadores, que pediram o auxílio no aplicativo do banco ou estão no CadÚnico e não recebem o Bolsa Família, precisam estar atentos a dois calendários diferentes.

Primeiro, esses trabalhadores vão receber os R$ 600 em uma poupança social da Caixa. Serão cerca de 5 milhões de depósitos por dia, divididos pelo mês de aniversário do trabalhador, em um calendário que vai de 20 a 26 de maio. Mas eles só vão poder sacar ou transferir esse recurso para outra conta bancária 10 dias depois, através de outro calendário que começa ema 30 de maio e vai até 13 de junho.

 A Caixa explicou que a ideia é evitar aglomerações. Por isso, vai liberar logo os recursos em uma poupança social até para permitir que os trabalhadores paguem contas e façam compras de forma gratuita com a poupança digital. até que possam sacar o dinheiro ou transferi-lo para a sua própria conta.

Quando for concluído o pagamento do Bolsa Família e o saque for liberado para os demais trabalhadores, será preciso, mais uma vez, ter atenção ao calendário. Os saques também serão liberados de acordo com o mês de nascimento dos trabalhadores. A Caixa já avisou que não vai liberar o dinheiro de quem for à agência antes do prazo.

Guimarães garantiu que todos os trabalhadores que forem ao banco ou às casas lotéricas no dia correto serão atendidos. Além disso, o aplicativo Caixa Tem foi atualizado para dar agilidade ao saque. Por isso, assegurou que não há necessidade de madrugar nas filas para poder ser atendido.

Prazos

O novo calendário de pagamento vale para os 50,4 milhões de brasileiros que receberam a primeira parcela dos R$ 600 em abril. Os 8 milhões que só tiveram o cadastro aprovado ontem e ainda vão receber a primeira parcela devem esperar a divulgação de outro calendário para saber quando terão acesso à segunda parcela do benefício.

E esse não deve ser o último calendário a ser feito pelo governo para o auxílio emergencial. É que, como a segunda parcela, que estava prevista para ser paga entre 27 de abril e 29 de maio, vai se estender até 13 de junho, tudo indica que o Executivo também precisará rever as datas de pagamento da terceira parcela. O plano era fazer o último depósito dos R$ 600 entre 26 de maio e 30 de junho — período que agora será quase que inteiramente tomado pela segunda parcela.

Fique atento// Como será o pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial

Para beneficiários do Bolsa Família:

O pagamento seguirá o calendário tradicional do Bolsa Família, de acordo com o dígito final do cartão do Número de Identificação Social (NIS), com saques presenciais nas agências da Caixa.

18 de maio: NIS 1

19 de maio: NIS 2

20 de maio: NIS 3

21 de maio: NIS 4

22 de maio: NIS 5

25 de maio: NIS 6

26 de maio: NIS 7

27 de maio: NIS 8

28 de maio: NIS 9

29 de maio: NIS 0

Para os demais beneficiários:

Esses trabalhadores vão receber os R$ 600 primeiro em um poupança social da Caixa, de acordo com o mês de nascimento do beneficiário.

20 de maio: nascidos em Jan/Fev

21 de maio: nascidos em Mar/Abr

22 de maio: nascidos em Mai/Jun

23 de maio: nascidos em Jul/Ago

25 de maio: nascidos em Set/Out

26 de maio: nascidos em Nov/Dez

Esses trabalhadores poderão fazer o saque em espécie ou a transferência dos R$ 600 para outra conta bancária só a partir de 30/5, para que não se dirijam às agências da Caixa nos mesmos dias do pagamento do Bolsa Família.

Veja as datas dos saques

e das transferências:

30 de maio: nascidos em janeiro

1º de junho: nascidos em fevereiro

2 de junho: nascidos em março

3 de junho: nascidos em abril

4 de junho: nascidos em maio

5 de junho: nascidos em junho

6 de junho: nascidos em julho

8 de junho: nascidos em agosto

9 de junho: nascidos em setembro

10 de junho: nascidos em outubro

12 de junho: nascidos em novembro

13 de junho: nascidos em dezembro

Novos cadastrados

Mais 8,3 milhões de brasileiros terão acesso à primeira parcela do auxílio emergencial a partir de terça-feira.

Veja as datas de pagamento:

19 de maio: nascidos em janeiro

20 de maio: nascidos em fevereiro

21 de maio: nascidos em março

22 de maio: nascidos em abril

23 de maio: nascidos em maio, junho e julho

25 de maio: nascidos em agosto

26 de maio: nascidos em setembro

27 de maio: nascidos em outubro

28 de maio: nascidos em novembro

29 de maio: nascidos em dezembro

Fontes: Caixa, Dataprev e Ministério da Cidadania

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Desemprego avança em 12 estados

Vera Batista

16/05/2020

 

 

A taxa de desemprego aumentou em 12 estados e se manteve estável nos demais no primeiro trimestre de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019. A Bahia ficou na frente, com aumento de 18,7%, além de Amapá (17,2%), Alagoas e Roraima (16,5%). Com as menores taxas de crescimento estão Santa Catarina (5,7%), Mato Grosso do Sul (7,6%) e Paraná (7,9%).

Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em todo o país, o desemprego atingiu 12,9 milhões de pessoas no primeiro trimestre, ou 12,2% da população economicamente ativa, segundo dados divulgados anteriormente pelo Instituto.
A Pnad mostra que as desigualdades permanecem acentuadas, a taxa de informalidade cresce e 3,1 milhões de pessoas procuram vagas há dois anos ou mais. Os dados, contudo, ainda não captam todo o impacto da pandemia de covid-19 na economia.

O economista Eduardo Velho, estrategista-chefe da INVX Global Brasil, destaca que o principal problema, daqui por diante, será a elevação do desemprego estrutural, que tende a ficar mais rígido, mesmo quando a economia iniciar a recuperação.

"A saída de dois ministros da Saúde durante a pandemia reforça a percepção de divergências no primeiro escalão do Executivo", afirma. Para ele, o isolamento não deve terminar no primeiro semestre. "Os níveis de contágio e de mortes pela covid-19 devem prolongar o bloqueio da atividade econômica", afirmou.

No entender de Cesar Bergo, sócio investidor da Corretora OpenInvest, o desemprego deve piorar, pelo menos, até o fim de julho. "A previsão é de que até agosto, na média nacional, a desocupação chegue a 20%. É possível que haja melhora a partir de outubro. Para chegarmos a níveis de emprego próximos aos do final de 2019, teremos que esperar ainda dois anos, para 2022", explicou.

A situação piorou entre os menos privilegiados. Entre pretos e pardos, o desemprego avançou, de 13,5% e 12,6%, no quarto trimestre de 2019, para, respectivamente, 15,2% e 14%, enquanto o dos brancos subiu de 8,7% para 9,8%. Os homens tiveram taxa de desocupação de 10,4%, e as mulheres, de 14,5%. Entre os jovens de 18 a 24 anos de idade, aumentou de 23,8% para 27,1%, na taxa geral, sendo que, no Nordeste, a taxa chegou a 34,1%.