Correio braziliense, n. 20805 , 09/05/2020. Economia, p.11

 

Dia de restirar os R$600

Marina Barbosa

09/05/2020

 

 

Quem ainda não obteve o auxílio emergencial concedido pelo governo tem nova oportunidade hoje. Banco começa a atender às 8h e beneficiários podem comparecer até o meio-dia. Expediente termina somente depois que o último cliente deixar a agência

A Caixa Econômica Federal vai abrir 680 agências bancárias, hoje, para dar continuidade aos saques da primeira parcela do auxílio emergencial. No Distrito Federal, 10 vão fazer o pagamento dos R$ 600 (veja o quadro) e, segundo o banco, o expediente começa às 8h e só termina depois do atendimento do último cliente. Os beneficiários podem chegar para fazer as retiradas até as 12h.

"A Caixa reforça que não é preciso madrugar nas filas. Todas as pessoas que chegarem às agências durante o horário de funcionamento, das 8h às 12h, serão atendidas", garantiu o banco, em nota.

A Caixa lembra que reforçou o quadro de pessoal no atendimento para dar celeridade ao pagamento do auxílio emergencial e, assim, evitar filas. O banco ressalta também que o saque em espécie dos R$ 600 destina-se apenas às pessoas que receberam o benefício em conta digital, mas não conseguiram usar os recursos por meio dos canais digitais da Caixa.

A lista completa de agências que estarão abertas está disponível no link www.caixa.gov.br/agenciasabado. Mas quem tiver dúvidas também pode encontrar os locais de atendimento indo à agência mais próxima de casa. "As que não vão abrir terão uma placa informando qual estará funcionando", explicou o vice-presidente da Rede de Varejo da Caixa, Paulo Henrique Angelo.

Ele acrescentou que a Caixa acredita que as 680 agências serão suficientes para atender à demanda da população, hoje, visto que o número de saques em espécie do auxílio emergencial tem caído nos últimos dias. Segundo o banco, somente ontem cerca de 350 mil retiradas foram realizadas nas agências. Foi o terceiro menor volume diário desde o início do pagamento presencial dos R$ 600, na semana passada.

"O pico foi observado na segunda-feira e na terça-feira, com mais de 1 milhão de saques. Agora, temos uma redução, dia após dia, da quantidade de clientes que sacam pela poupança digital", disse Angelo. Ele acrescentou que, por conta disso e das melhorias implementadas nas agências e no aplicativo do banco, o atendimento dos beneficiários de R$ 600 está sendo feito de forma rápida e organizada, sem filas.

Para a instituição, essa redução do número de saques em espécie mostra que a maior parte dos beneficiários já conseguiu movimentar o auxílio. A Caixa espera, portanto, que o movimento hoje nas agências seja tranquilo, sem a formação de filas ou aglomerações.

Movimentação

Balanço apresentado ontem pelo banco constatou que 20 milhões dos 20,5 milhões de pessoas que receberam os R$ 600 em uma poupança digital, já usaram o auxílio. A maior parte (12 milhões) realizou transferências para outras contas bancárias, mas também foram registrados pagamentos de contas pelo aplicativo Caixa Tem (900 mil), além de compras em débito (47 mil). Já os saques em espécie somam 6,78 milhões.

Mas as 500 mil pessoas que já receberam, mas ainda não movimentaram a primeira parcela dos R$ 600 devem ficar atentas. Afinal, o decreto que instituiu o auxílio emergencial determina que os recursos depositados nessas contas digitais voltarão para o governo caso não sejam utilizados em até 90 dias. Angelo ressaltou que a devolução atinge apenas as contas digitais. Quem recebeu os R$ 600 em contas de outros bancos não corre esse risco.

O vice-presidente da Rede de Varejo da Caixa, Paulo Henrique Angelo, disse que o banco ainda não recebeu os dados dos 17 milhões de cidadãos que fizeram o cadastro do auxílio emergencial, em abril, e ainda não receberam uma resposta do governo para saber se têm direito aos R$ 600. O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, havia dito que a análise cadastral desse pessoal seria concluída ontem, mas atrasou. A pasta e a Dataprev foram procurados, mas ainda não explicaram a razão da dificuldade.

 Onde fazer o saque
Veja quais agências da Caixa vão abrir no DF, hoje, das 8h às 12h:

 Local Código - Endereço
Ceilândia Centro - 4166 - Bloco CNN 2 BL C LT 2/3/4
Ceilândia Norte - 2272 - QNM 12 VI NM LT 40
Paranoá - 3513 - LT 04
Recanto das Emas - 4331 - QDR 101 CO S/N, S/N
Samambaia Norte - 4167 - QN 212 CO B CJT B LOTE 01
Gama - 655 - Quadra 51 Projeção 04, 04
Planaltina - 973 - Avenida Independência Q 01 Bloco I
Brasília - 1041 - Setor Comercial Sul, Quadra 4 LT 230
Sobradinho - 972 - Setor Central bloco 2 BLC 2
Taguatinga Centro - 8 - Campus C 3 LT 10

A lista de agências abertas hoje está disponível no link www.caixa.gov.br/agenciasabado

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Guaranys: medidas devem ser melhoradas

Rosana Hessel

09/05/2020

 

 

Ao fazer um balanço das medidas emergenciais implementadas pelo governo no combate à crise decorrente da covid-19, o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys, admitiu que será preciso aprimorar as medidas de crédito anunciadas que não estão chegando ao setor produtivo. Segundo ele, o governo está atento a esse problema e estudando novas ações para estimular o crédito via bancos públicos.

"Algumas medidas de crédito estão tendo dificuldade de serem utilizadas. Estamos analisando os setores que estão sendo mais impactados para trabalhar com políticas específicas. O grande foco de elaboração de novas medidas será cobrir as lacunas. Todos queremos sair rápido da crise", afirmou, sem dar muitos detalhes, durante teleconferência organizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para debater o lançamento do Monitor Regulatório Covid-19, ferramenta para consulta de dados sobre a produção normativa gerada em resposta à pandemia.

Durante a conversa com especialistas da FGV, Guaranys contou que o programa de retomada será focado na agenda anterior à crise, sobretudo na simplificação tributária e no mercado de trabalho para aumentar a formalização dos trabalhadores. Ele destacou que uma das principais medidas contra crise foi o auxílio emergencial de R$ 600 para os trabalhadores. Esse benefício identificou um número de pessoas bem maior do que o governo inicialmente previa, e ampliou o gasto inicial, de R$ 98 bilhões, para R$ 123,9 bilhões.

"O auxílio emergencial representa todo o Orçamento dos gastos discricionários de todo o governo federal no ano", comparou o número dois do Ministério da Economia.

Impacto

Guaranys reforçou a necessidade de controle dos gastos emergenciais e a não prorrogação das medidas além do prazo previsto. As iniciativas já anunciadas, segundo ele, têm um impacto fiscal de R$ 307 bilhões, incluindo o socorro aos estados e municípios aprovado pelo Congresso, e que aguarda sanção presidencial. Até o momento, conforme dados do Tesouro Nacional, o impacto fiscal soma R$ 253,45 bilhões, dos quais R$ 62,36 bilhões foram pagos — ou seja, 24,6%.

"As medidas emergenciais precisam estar circunscritas ao momento da crise. A gente não pode ter um aumento de gasto no ano que vem por conta da crise", afirmou. Ele defendeu uma reforma tributária voltada na simplificação dos tributos federais, deixando a federativa, incluindo estados e municípios, para depois, como ocorreu na reforma da Previdência.

Para a retomada pós-pandemia, Guaranys defendeu várias vezes uma agenda mais reformista, aprofundando medidas que o governo estava tentando avançar, mas precisou deixar de lado para focar na pandemia. "Todas as coisas que travavam a nossa economia antes da crise começar vão continuar travando a economia depois da crise", avisou, citando como exemplo a burocracia, a regulação pesada, a falta de avaliação do gasto público e o excesso de despesas obrigatórias no Orçamento.

"Vamos continuar tentando fazer as reformas e, ao mesmo tempo, avaliar outras ideias que possam ajudar o país a crescer mais rápido. E essa discussão estamos fazendo na Casa Civil, com o Plano Pró-Brasil, vendo também como acelerar investimentos", explicou. Sobre a proposta apresentada, dias atrás, pelo ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Neto, acrescentou. "Não temos nada contra o investimento público, mas ele precisa ser colocado onde deve ser feito, e onde dará mais retorno à população e sempre respeitando o teto".

Regras
O secretário ainda lembrou que é preciso que o governo continue respeitando as três regras para controle da despesa pública: a meta fiscal, a regra de ouro e o teto de gastos. Guaranys frisou que a flexibilização é apenas no período da pandemia e reforçou o discurso da equipe econômica ao defender que os gastos emergenciais fiquem limitados ao período da crise. "Para que uma outra nova despesa seja incluída, outras despesas, como benefícios fiscais, precisarão serem revistas para acomodação no Orçamento", explicou.

Guaranys admitiu que ainda não é possível saber o impacto da crise na economia. "Não temos nenhuma certeza", afirmou. E destacou que, se houver necessidade, o governo fará novos cálculos sobre caso o período de turbulência seja superior aos previstos nas medidas emergenciais, de três a quatro meses.