O Estado de São Paulo, n.46203, 17/04/2020. Economia, p.B5

 

Governadores pedem que Senado aprove socorro

Adriana Fernandes

17/04/2020

 

 

Estados querem que seja mantido texto da Câmara, mas governo apresentou proposta alternativa para projeto

Apelo. Para governadores, não haverá retomada econômica se ocorrer um colapso social

Os governadores marcaram posição e pediram aos senadores para aprovarem o projeto da Câmara dos Deputados que garante socorro emergencial aos Estados e municípios para o enfrentamento da covid-19.

Em carta assinada por 25 Estados, eles apelam “para o espírito patriótico” do Senado para a aprovação do projeto pelo reconhecimento do empenho na adoção de medidas sociais, sanitárias e federativas “neste momento de terrível crise”. Só os governadores de Rondônia, Marcos Rocha, e de Roraima, Antonio Denarium, ficaram de fora do abaixo assinado. Ambos são do PSL e alinhados ao presidente Jair Bolsonaro.

A pressão dos governadores ganha força num momento em que o governo apresentou uma proposta alternativa à da Câmara e busca apoio do Senado para alterar o texto da Câmara. A Frente Parlamentar de prefeitos também deu apoio ao projeto.

O governo não aceita dispositivo do projeto que garante a compensação por seis meses da perda de arrecadação, durante o período, do ICMS e ISS – os dois tributos cobrados pelos governos regionais. Com uma perda de 30%, o custo ficaria em R$ 93 bilhões, segundo estimativa da equipe econômica.

A proposta do governo é fazer a transferência direta com um valor fixo de R$ 40 bilhões por três meses e distribuição per capita.

A união dos governadores – com apenas dois deles sem assinar a carta – mostra que a tentativa do governo de mostrar em nota técnica que o projeto concentra ajuda maior para poucos Estados – os mais ricos – não funcionou. “Enfatizamos apoio à aprovação integral do projeto”, diz o texto. Eles ressaltam que o projeto possibilita a recomposição temporária de receitas dos Estados e municípios.

Os governadores enfatizam que estão dedicados à salvaguarda da população contra o novo coronavírus e contra as implicações econômicas decorrentes da atual emergência sanitária. “Temos compromisso com a proteção da vida e, igualmente, com a defesa de empresas e empregos, o que somente será possível com a manutenção do adequado funcionamento do Estado”, diz o texto da carta.

Na avaliação dos governadores, não haverá reconstrução nacional e retomada econômica se ocorrer um colapso social provocado pela interrupção de serviços públicos essenciais, como saúde, segurança, educação, sistema penitenciário, iluminação e limpeza pública.

Os 25 governadores argumentam ainda que a aprovação do projeto é uma forma eficiente de evitar uma perturbação generalizada e salvar numerosas vidas. “Afinal, a demora na apresentação de soluções concretas é o nosso maior inimigo depois do vírus”, diz o documento.

Conta não fecha

R$ 40 bi

é o valor do socorro emergencial que o governo propõe transferir diretamente aos Estados e municípios por três meses e distribuição per capita