O globo, n. 31637, 20/03/2020. Economia, p. 26

 

Caixa Econômica reduz juros e suspende pagamento de dívidas

Geralda Doca

20/03/2020

 

 

Prestações não precisam ser pagas por 60 dias, incluindo crédito pessoal, consignado, penhor e prestação de imóveis. Empresas também podem renegociar contratos

 A Caixa Econômica Federal anunciou ontem um amplo pacote de medidas em razão da crise do coronavírus, com redução dos juros em várias linhas de crédito e suspensão do pagamento de dívidas por 60 dias, inclusive da prestação de imóveis. Serão beneficiadas pessoas físicas, micro e pequenas empresas, sobretudo dos setores de comércio e serviços, hospitais e santas casas. As mudanças entram em vigor a partir de segunda-feira.

Ao detalhar as medidas, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, informou que o banco pretende injetar na economia durante a crise um total de R$ 78 bilhões. Ele destacou que, caso o cenário piore, os clientes poderão ganhar prazo ainda maior:

— Estamos começando com 60 dias, havendo necessidade, ampliaremos para 90 dias, para 120 dias.

Não será exigida a comprovação da necessidade de suspensão dos pagamentos, mas, segundo Guimarães, será preciso informar o interesse na medida. Isso poderá ser feito via aplicativo de celular,nosite da Caixa ou nas agências.

Será possível suspender por dois meses dívidas parceladas, como crédito pessoal, consignado, penhor e prestação de imóveis — no caso de pessoas físicas. Neste prazo, o tomador não precisará pagar nem o principal nem os juros.

O mesmo benefício será dado às empresas, especialmente micro e pequenas, nas linhas de capital de giro. No caso de um novo empréstimo haverá carência de 60 dias, principalmente nas linhas de aquisição de máquinas e equipamentos. Empresas dos setores do comércio e de serviços, mais afetados pela crise, ganharão prazo de seis meses para iniciar o pagamento do financiamento. Será liberado para hospitais e santas casas um volume de crédito de R$ 3 bilhões, em condições facilitadas, com juros mais baixos e carência de até seis meses.

Em linha com o Banco Central, a Caixa cortou os juros nas linhas de pessoas físicas, especialmente crédito pessoal. No caso de micro e pequenas empresas, as linhas de capital de giro têm taxas a partir de 0,56% ao mês. Segundo Guimarães, essa modalidade é a mais demandada pelo setor produtivo.

Outros bancos, como Banco do Brasil, Santander e Itaú, também estão oferecendo linhas de crédito com condições especiais para micro e pequenas empresas. O BB, por exemplo, anunciou linha de capital de giro com taxas apartir de 0,99% ao mês,pagamento em até 60 vezes e até 90 dias para pagar a primeira parcela.

Já o governo do Estado do Rio vai destinar R$ 320 milhões em linhas de crédito para microempreendedores e empresas. Os financiamentos têm prazos e carências estendidos e taxas de juros reduzidas e já podem ser solicitados pelo site da Agência Estadual de Fomento do Rio de Janeiro (AgeRio).

VOUCHERS A INFORMAIS

A Caixa já está se preparando para iniciar o pagamento do voucher no valor de R$ 200 para trabalhadores informais de baixa renda, medida anunciada na quarta-feira pelo governo. Além do crédito em conta para quem é correntista ou tem poupança, o dinheiro poderá ser sacado em lotéricas, terminais eletrônicos, correspondentes bancários e agências. Serão utilizados cadastros da Caixa e do INSS para identificar os beneficiários.