O Estado de São Paulo, n.46198, 12/04/2020. Metrópole, p.A17

 

Brasil já tem 1.124 mortes, diz governo

André Borges

12/04/2020

 

 

Nas últimas 24 horas, Ministério da Saúde informa mais 68 óbitos no País

Entrada proibida. Com medo de contaminação, moradores do litoral paulista afastam veranistas de suas praias

O Brasil registrou 68 mortes e 1.089 contaminações por coronavírus nas últimas 24 horas, segundo boletim divulgado ontem pelo Ministério da Saúde. O número diário de óbitos caiu, de 141 para 115 e, agora, para 68. Mas o Brasil já tem 1.124 mortos e 20.727 casos de pessoas infectadas.

São Paulo continua a ser o Estado brasileiro com maior número de contaminações, chegando a 8.419 casos de pessoas atingidas pela doença e 560 óbitos, seguido por Rio de Janeiro (2.607 casos e 155 óbitos), Ceará (1.582 e 67), Amazonas (1.050 e 53), Pernambuco (816 e 72) e Minas Gerais (750 e 17).

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse ontem que o governo federal construirá um hospital de campanha com 200 leitos para atender pacientes de coronavírus em Manaus (AM). A ordem de serviço para início das obras deve ser assinada ainda hoje.

O governo do Amazonas anunciou, na tarde de anteontem, que o Hospital Delphina Aziz, referência em atendimento aos pacientes com coronavírus, atingiu a capacidade máxima operacional. Médicos de outras regiões do País serão encaminhados para Manaus.

Mandetta acompanhou o presidente Jair Bolsonaro na vistoria ontem de um hospital de campanha em Águas Lindas (GO), cidade localizada a 45 quilômetros de Brasília. A capital federal é um dos locais que, segundo o Ministério da Saúde, deve apresentar número acelerado de contaminações nas próximas semanas.

Mandetta passou a semana chamando a atenção para os Estados que mais preocupam a Saúde nesse momento. E apontou o DF como um deles. O aviso não comoveu Bolsonaro,

que manteve suas saídas para lugares públicos. O presidente chegou a dizer que “ninguém iria tirar o seu direito de ir e vir” em Brasília.

O isolamento social continua a ser a medida preventiva mais fundamental para evitar que o vírus se alastre rapidamente e comprometa o sistema de saúde do Brasil. O Ministério da Saúde tem dito reiteradamente que o País não possui atualmente capacidade adequada de atendimento, seja em insumos de proteção básica, remédios, leitos de UTI, respiradores e médicos. A pasta continua a projetar que o pico dos casos em São Paulo e Rio deve ser alcançado até o início de maio.

Hoje, há mais de 1,6 milhão de casos confirmados em todo o mundo e mais de 100 mil mortes, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Os Estados Unidos se tornaram o primeiro país a registrar mais de 2 mil mortos pelo coronavírus em 24 horas. Os casos confirmados chegam a 500 mil no país.

Mortes. A Funai confirmou ontem a morte de mais dois indígenas em Manaus, capital do Amazonas, região que enfrenta uma forte escalada da covid-19. Em nota, a entidade lamentou a morte de um indígena da etnia tikuna, de 78 anos, e de uma indígena Kokama, de 44 anos.

O indígena Tikuna, segundo a Funai, foi removido do Hospital de Tabatinga (AM), em UTI aérea do Estado, para tratar de problemas cardíacos. Estava internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Delphina Aziz, em Manaus.