O Estado de São Paulo, n.46197, 11/04/2020. Política, p.A4

 

Maia compara Mandetta a ‘general de quatro estrelas’

Wellington Bahnemann

Denise Abarca

11/04/2020

 

 

Presidente da Câmara diz que ‘Bolsonaro sabe’ que não deve demitir o chefe da Saúde em meio à ‘guerra’ da pandemia
O presidente da Câmara do Deputados, Rodrigo Maia (DEMRJ), afirmou ontem que acredita na permanência de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde, apesar das divergências entre o presidente Jair Bolsonaro

e o auxiliar. Segundo Maia, como Bolsonaro serviu às Forças Armadas, ele sabe que “no meio da guerra, mudar o general quatro estrelas não é o melhor momento”, porque teria que modificar toda a estrutura e isso levaria entre dois e três meses. O presidente da Câmara vê sinais de melhora no relacionamento entre o ministro e o presidente.

“O Bolsonaro é um cara que gosta de fazer frases e mandar recados, mas foi ele quem nomeou o Mandetta e conhecia as suas qualidades. Ele disse que, na guerra, de forma nenhuma ia mandar embora o ministro. Fico com essa frase para crer na manutenção do Mandetta”, afirmou o deputado, em entrevista ao apresentador José Luiz Datena, na Rádio Bandeirantes. Na entrevista, Maia também elogiou o trabalho do ministro da Economia, Paulo Guedes. “É um quadro de grande qualidade”.

Na segunda-feira passada, em meio a rumores de que seria demitido, Mandetta se reuniu com Bolsonaro e, depois, em entrevista coletiva, disse que permaneceria no cargo. Na ocasião, pediu “paz” para chefiar a pasta e, sem citar diretamente o presidente, reclamou de críticas que, em sua visão, criam dificuldades para o seu trabalho. Na quartafeira, os dois voltaram a se reunir. De acordo com um auxiliar do presidente, Bolsonaro e Mandetta estão “acertando os pontos para seguir em frente”.

Anteontem, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEMRS), e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) defenderam a demissão de Mandetta. Em conversa divulgada pela CNN Brasil, Onyx diz que não fala com Mandetta há dois meses e que, se estivesse na cadeira do presidente Jair Bolsonaro, teria “cortado a cabeça” dele após a reunião no Palácio do Planalto na segunda-feira.