O globo, n. 31663, 15/04/2020. Economia, p. 23

 

Ministro do Meio Ambiente exonera diretor do Ibama

Leandro Prazeres

Victor Farias

15/04/2020

 

 

Saída ocorre após reportagem mostrar megaoperação para retirar madeireiros e garimpeiros ilegais de terras indígenas no Pará

 O diretor de Proteção Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Olivaldi Azevedo, foi exonerado ontem. A demissão foi publicada no Diário Oficial da União, dois dias depois de uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, mostrar uma megaoperação do Ibama para retirar madeireiros e garimpeiros ilegais de terras indígenas no sul do Pará.

A exoneração foi assinada pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Segundo o órgão, a decisão foi tomada em comum acordo e, com ela, a pasta tem a intenção de melhorar o combate ao desmatamento. Funcionários do Ibama ouvidos sob a condição de anonimato afirmam que a demissão de Olivaldi, que era homem de confiança de Salles, ocorreu por ele não ter conseguido “segurar” o setor de fiscalização. A reportagem exibida no Fantástico teria sido a gota d’água para a exoneração. Com isso, a expectativa é que mais pessoas, tanto da área de proteção quanto de fiscalização, sejam exoneradas nos próximos dias.

Olivaldi é oficial da PM de São Paulo. Ele e Salles se conhecem desde o tempo em que o agora ministro foi secretário de Meio Ambiente de São Paulo.

A operação em três terras indígenas no sul do Pará, onde vivem cer cade 1.700 índios,tinha como objetivo proteger os indígenas que moram na localidade do contágio pelo coronavírus. Desde o início da pandemia, as invasões em terras indígenas aumentaram. Os alertas de desmatamento na Amazônia cresceram 29,9% em março deste ano, em comparação com o mesmo período de 2019.

Além dos crimes ambientais, há a preocupação de os madeireiros levarem o novo coronavírus às aldeias. Até agora, três indígenas morreram em decorrência da Covid-19: um jovem ianomâmi de 15 anos e outros dois indígenas que viviam em áreas urbanas — uma mulher da etnia kokama de 44 anos e um indígena tikuna, de 78.