Correio braziliense, n. 20788 , 22/04/2020. Negócios, p.9

Nova rodada de pagamentos

22/04/2020

Caixa promete repassar hoje auxílio de R$ 600 a 7,2 milhões de brasileiros e a Dataprev garante que conclui, até sexta-feira, a análise cadastral de mais 16,1 milhões de pessoas que pediram, pelo aplicativo do celular, o benefício para superar a crise

Os próximos dias serão decisivos para milhões de trabalhadores que continuam aguardando o benefício emergencial de R$ 600. É que a Caixa Econômica Federal (CEF) promete pagar hoje o auxílio de 7,2 milhões de brasileiros. E a Dataprev diz que vai concluir até sexta-feira a análise cadastral de mais 16,1 milhões de trabalhadores que pediram o benefício pelo aplicativo do banco. Até o dia 24, essas pessoas devem ser informadas, portanto, se poderão contar com os R$ 600 durante a pandemia do novo coronavírus.

Segundo a Caixa, 42,2 milhões de trabalhadores informais, autônomos e contribuintes individuais do INSS se inscreveram no aplicativo do benefício emergencial para ter acesso aos R$ 600. O volume de pedidos superou as expectativas do governo e, por isso, foi dividido em grupos. O primeiro, composto por 9,1 milhões de trabalhadores, já recebeu os R$ 600. O segundo, com 4,1 milhões de brasileiros, recebe hoje.

O pagamento desses 4,1 milhões de trabalhadores será feito com o depósito de 1,2 milhão de beneficiários do CadÚnico e de 1,9 milhão de beneficiários do Bolsa Família, cujo NIS (Número de Identificação Social) termina em 4. Por isso, só hoje o governo deve liberar mais de R$ 4,3 bilhões.

Deve sair também hoje a resposta para o terceiro grupo de inscritos pelo aplicativo. São 9,9 milhões de trabalhadores que pediram o auxílio entre os dias 7 e 10 de abril e tiveram o cadastro analisado ontem pela Dataprev. Segundo a empresa de tecnologia e informações da Previdência, os dados de quem foi aprovado para receber os R$ 600 nesse grupo seriam enviados ontem mesmo à Caixa, para que o banco pudesse agendar o pagamento desse pessoal e a estatal partisse para a análise cadastral de mais um grupo de trabalhadores.

Agora, a Dataprev vai conferir se têm direito ao benefício os 16,1 milhões de brasileiros que se inscreveram pelo aplicativo entre os dias 11 e 17 de abril. “A previsão é de enviar o primeiro lote de resultados até o final desta quarta-feira. Já o segundo –– e último lote –– deverá ser encaminhado na noite da sexta-feira”, informou a empresa, lembrando que os cadastros avaliados só chegam à Caixa após a homologação do Ministério da Cidadania. Depois disso, ficará pendente a análise de quem fez o cadastro a partir do dia 18: até ontem, eram 5,4 milhões de trabalhadores.

Bolsa Família

Enquanto isso, o governo segue com o pagamento dos segurados do Bolsa Família, que vai até o dia 30. Amanhã também começa o depósito da segunda parcela de 16 milhões de brasileiros que tiveram o cadastro aprovado logo no primeiro lote do benefício e, por isso, já receberam a primeira parcela dos R$ 600.

Os trabalhadores informais que pediram o auxílio emergencial e ainda não o receberam podem conferir como anda a análise do cadastro no aplicativo do benefício –– que, aliás, foi atualizado pelo governo para que a pessoa cujo registro foi negado possa contestar a análise desfavorável. Nada menos que 6,6 milhões de pessoas não se qualificaram para o recebimento e outros 13,6 milhões de CPFs foram regularizados para ter acesso aos R$ 600.

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Cepal prevê a maior crise da AL

22/04/2020

A pandemia do novo coronavírus vai provocar a maior crise econômica e social da história da América Latina. A previsão é da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), que projeta queda de 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB) da região neste ano, além de pioras expressivas no nível de emprego e pobreza local, em virtude da Covid-19.

“Para encontrar uma contração de magnitude comparável, é necessário voltar à Grande Depressão de 1930 (-5%) ou até mais, até 1914 (-4,9%)”, diz a Cepal, que projeta queda semelhante para o PIB do Brasil em 2020: 5,2%.

Relatório divulgado ontem pela Comissão diz que a pandemia impacta a economia da América Latina de diversas formas. O primeiro e, possivelmente, o mais forte impacto, vem do comércio exterior: o fluxo global de comércio deve cair 13% neste ano, segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC). E os países da região são grandes exportadores de matéria-prima para alguns dos países mais afetados pela pandemia, como a China e os Estados Unidos. A Cepal calcula que as exportações vão cair 15% neste ano, devido à redução de 8,8% dos preços internacionais dos produtos exportados pela região e pela contração de 6% do volume demandado pelo resto do mundo.

 A crise ainda tem uma agravante: o fato de que a economia regional já estava fragilizada. A Cepal estima que a taxa de crescimento do PIB da América Latina caiu de 6% para 0,2%, entre 2010 e 2019. Por isso, calcula que, enquanto o PIB mundial vai cair 2% em 2020, da AL vai contrair 5,3% em virtude da Covid-19.

Por isso, a Cepal também estima que a taxa de desemprego da região vai subir 3,4 pontos percentuais neste ano, passando de 8,1% para 11,5%. Significa que 11,6 milhões de pessoas podem entrar na fila do desemprego na América Latina, elevando de 26,1 milhões para 37,7 milhões o total de pessoas que não têm trabalho na região.

Segundo a Cepal, o Brasil terá o quarto pior desempenho econômico entre os países da América do Sul em 2020, perdendo apenas para a Venezuela (-18% do PIB), o Equador (-6,5%) e a Argentina (-6,5%). (MB)

5,3% é quanto a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe estima a queda do PIB da região em 2020