O Estado de São Paulo, n.46192, 06/04/2020. Economia e Negócios, p.B1

 

Tesouro poderá garantir empréstimos

06/04/2020

 

 

Governo quer usar fundos de aval e o Tesouro para assumir os riscos de calote de empresas

O Ministério da Economia trabalha na elaboração de uma nova fórmula para destravar o crédito dos bancos para as empresas brasileiras. A ideia é usar fundos de aval de instituições como o BNDES e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), além do próprio Tesouro, para garantir os empréstimos.

Até o momento, o BC anunciou a injeção de R$ 1,2 trilhão no sistema financeiro. Parte dos recursos ainda depende de regulamentação para começar, de fato, a chegar às instituições financeiras, mas o BC tem repetido que o sistema já está líquido e que mais medidas estão a caminho.

A intenção é utilizar fundos de aval – como os do Sebrae e do BNDES – para assumir parte do risco de calote. “Teríamos de fazer uma corrente da seguinte maneira: os fundos de aval avalizam a operação para substituir a garantia real que os pequenos (empresários) não têm”, disse o assessor especial do Ministério da Economia, Guilherme Afif Domingos.

Pelo que está em estudo haveria uma “parada de perdas” (stop loss), limitando a exposição do fundo de aval ao risco. A parcela de risco que o fundo não conseguir assumir ficaria sob a responsabilidade do Tesouro Nacional – no limite, dinheiro do contribuinte.

Divisão. Uma das medidas já anunciadas traz dinâmica semelhante. O governo decidiu injetar R$ 40 bilhões no mercado de crédito para concessão de empréstimos a baixo custo (3,75% ao ano) para a folha de pagamento das empresas, por um período de dois meses. Deste total, 85% são recursos do Tesouro Nacional (R$ 34 bilhões) e 15% dos bancos (R$ 6 bilhões).

Agora o governo desenha também a entrada dos fundos de aval nas operações. “É uma questão de se fazer o cálculo e se fazer a conta do risco assumido e da forma da divisão de risco”, afirmou Afif no sábado a empresários do varejo. “Mas tem de ter um sistema central para avalizar as operações para destravar o sistema de crédito.” / F.C.

Folha de pagamento

R$ 34 bi

são os recursos que o Tesouro Nacional vai colocar à disposição das empresas, por meio do BNDES, para o pagamento de salários durante dois meses