O Estado de São Paulo, n.46186, 31/03/2020. Política, p.A6

 

Ministro da Defesa divulga nota para exaltar golpe de 1964

Vinícius Valfré

31/03/2020

 

 

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, emitiu um comunicado ontem no qual chama o golpe militar de 1964 de “marco para a democracia brasileira”. O período que durou até 1985 é marcado pelo fim das eleições diretas, pelo fechamento do Congresso, por censura, tortura e assassinatos praticados pelo Estado brasileiro. “s países que cederam às promessas de sonhos utópicos ainda lutam para recuperar a liberdade, a prosperidade, as desigualdades e a civilidade que rege as nações livres. O Movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira. Muito mais pelo que evitou”, escreveu o ministro.

É a segunda vez que o governo de Jair Bolsonaro faz alusão ao 31 de março, data do início da ditadura militar no Brasil. No ano passado, o presidente chegou a propor comemorações nos quartéis, polêmica que repercutiu em ações no Poder Judiciário contra a proposta.

Considerado um militar moderado, Azevedo e Silva finalizou o comunicado dizendo que as instituições brasileiras evoluíram e que, hoje, os brasileiros vivem pleno exercício de liberdade e de escolhas. No texto, o ministro avaliou que faltava “inspiração e sentido de futuro” para que o Brasil pudesse “transformar em prosperidade o seu potencial de riquezas”.

“( Os brasileiros) Entregaram-se à construção do seu país e passaram a aproveitar as oportunidades que eles mesmos criavam. O Brasil cresceu até alcançar a posição de oitava economia do mundo”, diz o documento, chamado de “Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964”.

Para Azevedo e Silva, a ascensão dos militares ao poder significou uma reação do País às

“ameaças que se formavam àquela época”. Um dos argumentos usados por defensores do golpe diz respeito ao que era considerado, naquele período, como uma ameaça comunista à soberania brasileira. Do ponto de vista econômico, a ditadura significou crescimento expressivo e industrialização do País. Mesmo assim, a subida ocorreu com forte concentração de renda e, em seguida, recessão. Em seu fim, o governo militar enfrentou elevada alta inflacionária.