O Estado de São Paulo, n.46176, 21/03/2020. Metrópole, p.F2

 

Governo usa cloroquina, que passa a exigir receita

Marlla Sabino

Felipe Frazão

21/03/2020

 

 

Ministro diz que o País está fornecendo a substância para pacientes mais graves
No mesmo dia em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu exigir receita médica para liberar cloroquina e hidroxicloroquina, que apresentaram efeitos iniciais contra o coronavírus, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que o País "já validou" e está fornecendo a substância para pacientes mais graves.

"Já validamos, temos capacidade de produção, estamos produzindo e está na prateleira dos pacientes graves", disse Mandetta, durante conferência com o presidente Jair Bolsonaro e empresários. O medicamento é registrado no Brasil para tratamento de quadros de artrite, lúpus e malária.

A Anvisa decidiu ontem passar a exigir apresentação de receita médica em farmácias para liberação de medicamentos com hidroxicloroquina. O órgão afirma que a medida vai permitir que pacientes que já utilizam o medicamento não fiquem sem tratamento.

"A falta do produto pode deixar os pacientes com malária, lúpus e artrite reumatoide sem os tratamentos adequados", diz a agência, que afirma ter recebido relatos de aumento da procura pelo produto após pesquisas indicarem que ele pode ajudar a tratar a nova doença (mais informações nesta página).

"Apesar de alguns resultados promissores, não há nenhuma conclusão sobre o benefício do medicamento no tratamento do novo coronavírus", reiterou a Anvisa, que não recomenda uso do produto no momento.

CFM. O Conselho Federal de Medicina havia solicitado que a Anvisa colocasse a apresentação de receita médica como exigência para liberar o produto. "Os pacientes que já fazem uso do medicamento poderão continuar utilizando sua receita simples para comprar o produto durante o prazo de 30 dias. A receita será registrada pelo farmacêutico que já está obrigado a fazer o controle do medicamento no momento da venda", diz a agência.

Na nova categoria o medicamento só poderá ser entregue mediante receita branca especial em duas vias. "Médicos que fazem a prescrição de hidroxicloquina ou cloroquina já devem começar a utilizar este formato", decidiu a Anvisa.

Segundo a agência, a hidroxicloroquina já estava enquadrada como medicamento sujeito à prescrição médica. Com a nova categoria a venda irregular pelas farmácias é considerada infração grave. "O uso sem supervisão médica também pode representar alto risco à saúde."