O Estado de São Paulo, n.46175, 20/03/2020. Política, p.A10

 

Aécio recebeu R$ 65 milhões em propina de construtoras, diz PF

Luiz Vassallo

20/03/2020

 

 

Deputado é investigado na Lava Jato sob suspeita de favorecer negócios da Odebrecht e da Andrade Gutierrez

Em relatório, a Polícia Federal (PF) afirmou que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu R$ 65 milhões em propina das construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez, entre 2008 e 2011, “sendo parte relevante desta quantia fora do período eleitoral”. No documento, entregue ao relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, o delegado Bernardo

Guidali menciona crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro.

A partir desse documento sobre as investigações, cabe à Procuradoria-Geral da República decidir se denuncia Aécio ou se envia os autos à primeira instância, pois os fatos são anteriores ao atual mandato do deputado. Também foi atribuído crime de lavagem de dinheiro ao ex-diretor de Furnas Dimas Toledo e ao empresário Alexandre Accioly, apontados como supostos intermediários da propina.

De acordo com a PF, os pagamentos foram uma “contrapartida pela influência sobre o andamento dos negócios da área de energia desenvolvidos em parceria pelas construtoras, notadamente sobre a Cemig, companhia controlada pelo governo de Minas Gerais, e Furnas, subsidiária da Eletrobrás”. Entre esses negócios estão “os projetos do Rio Madeira, como as Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia”. Aécio foi governador de Minas de janeiro de 2003 a março de 2010.

Valores. A PF afirma que, da Odebrecht, Aécio recebeu R$ 30 milhões, sendo R$ 28,2 milhões em espécie. Outra parte teria sido paga por meio de contas de empresas offshores no exterior. Já a Andrade Gutierrez, conforme o relatório, repassou ao tucano R$ 35 milhões, por meio de investimentos em holding que tem Accioly como sócio-proprietário.