O globo, n.31375, 02/07/2019. País, p. 06

 

PF indica assessores de Álvaro Antônio

Aguirre Talento 

Jussara Gomes 

02/07/2019

 

 

A Polícia Federal (PF) indiciou os três assessores ligados ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), pelo caso de desvios de recursos por meio de candidaturas-laranja do PSL. Eles haviam sido presos temporariamente na quinta-feira passada, durante a Operação Sufrágio Ostentação, e foram soltos ontem.

A PF acusou Mateus Von Rondon, atual assessor especial do ministro; Roberto Silva Soares, que coordenou a campanha de Marcelo Álvaro Antônio ao cargo de deputado em 2018, e Haissander Souza de Paula, ex-funcionário do seu gabinete, pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral, emprego ilícito do fundo eleitoral e associação criminosa.

Álvaro Antônio não figura entre os indiciados. Por causa de uma possível participação nesses crimes, também foram indiciadas quatro candidatas-laranja usadas para os desvios.

Porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros disse ontem que o presidente Jair Bolsonaro jamais cogitou demitir o ministro do Turismo e aguardará o encerramento das investigações para tomar decisões.

— Sim, continua no cargo. Não houve em nenhum momento a suposição de tirá-lo do cargo de ministro — respondeu aos jornalistas o porta-voz.

Rêgo Barros afirmou apenas que o presidente demonstrou reconhecimento pelo trabalho que Álvaro Antônio vem desempenhando. Um encontro entre Bolsonaro e o ministro do Turismo está previsto para amanhã ou quinta-feira.

— Ele (o presidente) aguarda as investigações da Polícia Federal para após analisá-las tomar as decisões que sejam necessárias de manutenção ou não.

Mas esse não é um tema que está vicejando, perpassando pelo presidente neste momento —disse o porta-voz.

Na investigação, a PF aponta que eles atuaram para desviar recursos do fundo partidário destinados a quatro candidatas que foram lançadas pelo PSL de Minas Gerais apenas para cumprir a cota mínima exigida por lei. As candidatas-laranja teriam feito repasses a gráficas e empresas de fachada, sem prestação de serviços, com o intuito de desviar os recursos.

O indiciamento significa que a PF considerou haver indícios suficientes para imputar os crimes aos indiciados. Agora, o relatório é enviado para o Ministério Público, que avaliará se há elementos para oferecer denúncia.

Segundo a PF, Mateus Von Rondon, principal elo com o ministro, também teria recebido repasses das candidatas-laranja sem prestação de serviços, por meio de uma empresa aberta em seu nome.

 

OUTRO LADO

A defesa de Mateus Von Rondon negou as suspeitas de irregularidades, afirmou que o assessor prestou serviços gráficos às candidatas e acusou a investigação de ter motivação política. As defesas dos demais indiciados não foram localizadas para comentar o caso.

O Ministério do Turismo afirmou, em nota divulgada ontem, que não irá descontar do salário do assessor especial Mateus Von Rondon os três dias que ele não trabalhou por estar preso temporariamente. Disse ainda que vai abrir um processo administrativo para avaliar a situação dele, mas que as suspeitas não têm relação com a atividade que ele desempenha no ministério.

Com o cargo de assessor especial do ministro, Mateus Von Rondon tem remuneração bruta mensal de R$ 3.623,39. “Importante ressaltar que o servidor responde a suspeitas de eventuais irregularidades eleitorais em 2018, sem qualquer vínculo com a atividade que desempenha no Ministério do Turismo”. afirmou a nota.