Valor econômico, v.19, n.4690, 14/02/2019. Política, p. A13

 

Senado tem seis suspeitos de tentar fraudar eleição

Fabio Murakawa 

Vandson Lima 

14/02/2019

 

 

Seis parlamentares tornaram-se suspeitos de tentar fraudar a eleição para presidente do Senado, depois que a Corregedoria da Casa analisou imagens da conturbada votação do dia 2 de fevereiro, vencida pelo senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Naquele dia, os senadores precisaram fazer uma segunda rodada de votação depois que foram contabilizadas 82 duas cédulas na urna onde os votos eram depositados. O Senado tem 81 integrantes.

As imagens do circuito interno de TV do plenário foram analisadas pelo senador Roberto Rocha (PSDB-MA), corregedor do Senado, que em telefonema para Alcolumbre na noite de ontem afirmou que "dificilmente se trata de um equívoco".

Nem Alcolumbre nem Roberto Rocha confirmam os nomes dos senadores tidos como suspeitos. Do total de 81 senadores, é possível visualizar pelas imagens que 76 votaram normalmente.

Dos cinco restantes, é possível afirmar apenas que as imagens não mostram que a votação foi feita de maneira normal. Na conversa com Alcolumbre, no entanto, Roberto Rocha afirmou se tratar de "ato de má-fé".

"Eu conversei rapidamente com o senador Roberto Rocha. Ele está contratando um perito para auxiliá-lo. Mas me disse que queria relatar os passos", afirmou o presidente do Senado, que marcou encontro com Rocha para hoje.

O senador tucano disse a Alcolumbre que pretende contratar um perito para analisar as imagens, o que pode implicar gastos para o Senado. "Ele [Rocha] e alguns assessores assistiram às gravações do sistema do Senado e de todas as televisões que ele requisitou. Então, eu acho que tem muita informação para dar uma resposta à sociedade", afirmou.

"Ele me passou que tinha seis nomes que poderiam ter pegado a cédula por engano ou não. Então, acho melhor a gente aguardar a apuração para não fazer juízo de valor. Seria injusto da minha parte com presidente."

Rocha solicitou a Davi a cessão de três servidores concursados do Senado para auxiliá-lo nos trabalhos, o que deve ser autorizado por Alcolumbre hoje.

A eleição para presidente do Senado foi polarizada entre Alcolumbre e Renan Calheiros (MDB-AL), que tentava chegar ao comando da Casa pela quinta vez.

Com a candidatura patrocinada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Alcolumbre acabou batendo o veterano senador, ao vender-se como um representante da "nova política" e surfar na grande rejeição a Renan. Diante da derrota iminente, o alagoano retirou a candidatura e foi embora antes do anúncio do resultado.