O globo, n.31392, 19/07/2019. País, p. 10

 

Jucá e Sérgio Machado viram réus por corrupção na Lava-Jato 

Sérgio Roxo 

19/07/2019

 

 

Doação disfarçada. O presidente nacional do MDB, Romero Jucá, acusado de receber propina

O juiz Luiz Antonio Bonat, da 13ª Vara Federal do Paraná, aceitou denúncia do Ministério Público Federal e transformou o ex-senador e presidente nacional do MDB, Romero Jucá, em réu em ação por corrupção e lavagem de dinheiro no esquema da Transpetro, subsidiária da Petrobras. Segundo a força-tarefa da Lava-Jato, o político recebeu pelo menos R$ 1 milhão em 2010, por participação em negócios ilegais entre a Transpetro e a Galvão Engenharia.

O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, que fez acordo de delação premiada, também virou réu. “Presentes indícios suficientes de autoria e materialidade, evidenciada a justa causa, recebo a denúncia contra José Sérgio de Oliveira Machado e Romero Jucá Filho”, escreveu o juiz.

Segundo investigação, a Galvão Engenharia pagava 5% do valor dos contratos que tinha com a subsidiária da Petrobras a integrantes do MDB que compunham o núcleo de sustentação de Machado na presidência da estatal.

“O recebimento de vantagem indevida por Romero Jucá Filho decorreu do exercício do cargo de Senador da República e em razão da prática de atos de ofício consistentes na indicação e manutenção de Sérgio Machado na presidência da Transpetro”, aponta o despacho de junho.

Em relação a Jucá, a Procuradoria diz que a propina foi disfarçada por meio de doação eleitoral de R$ 1 milhão ao diretório do MDB de Roraima em junho de 2010. O valor equivale à porcentagem paga por quatro contratos e sete aditivos conquistados pela empresa de engenharia. Além disso, a propina servia para garantir que a Galvão continuasse sendo convidada para licitações da Transpetro.

O advogado de Jucá, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, afirmou que pretende transferir o caso para a Justiça Eleitoral. “Infelizmente no sistema processual brasileiro, o recebimento é um ato quase mecânico, feito sem que o acusado tenha oferecido suas razões. No caso concreto o ex-senador Romero Jucá sequer foi ouvido e a defesa técnica não pode se manifestar, sequer sobre a competência da Justiça Eleitoral, o que será feito oportunamente”, disse, em nota.

Kakay, como já havia feito na época da apresentação da denúncia, questionou a credibilidade de Sérgio Machado como delator.

Já Antonio Pitombo, defensor de Sérgio Machado, afirmou que o “recebimento da denúncia era aguardado pela defesa e demonstra a qualidade da colaboração processual” de seu cliente.