Correio braziliense, n. 20457, 25/05/2019. Economia, p. 6

 

FMI revê alta do PIB

Rosana Hessel

25/05/2019

 


O Fundo Monetário Internacional (FMI) fez um alerta ontem sobre o baixo crescimento da economia brasileira e o risco político no país, e sinalizou novos cortes nas previsões para o Brasil. O FMI sugeriu uma “ação política decisiva” para evitar uma desaceleração. “O investimento permanece moderado, retido pela grande capacidade ociosa e a persistente incerteza sobre as perspectivas de reformas fiscais e estruturais. O fraco crescimento global e a recessão na Argentina estão afetando as exportações. O crescimento em 2019 é projetado entre 1% e 1,5%, com riscos significativos de queda”, destacou o documento divulgado ontem sinalizando revisões para o Brasil.
Atualmente, a previsão do FMI para de expansão do PIB brasileiro em 2019 é otimista, de 2,1%, enquanto a mediana do mercado computada pelo Boletim Focus, do Banco Central está em 1,24%. O Fundo costuma fazer revisões a cada três meses e, na última, em abril, reduziu de 2,5% para 2,1%.
Na avaliação dos técnicos do organismo internacional, a crise interna pode inviabilizar a recuperação da economia. Eles recomendam uma “ação política decisiva” no sentido de aprovar a reforma da Previdência e evitar uma desaceleração maior na economia. “O principal risco doméstico é a incapacidade de aprovar uma reforma previdenciária robusta. Além disso, outras medidas fiscais são necessárias para cumprir o teto de despesas e colocar a dívida em uma trajetória sustentável”, alertou.
“A ambiciosa proposta de reforma em consideração no Congresso estabilizará os gastos com pensões na próxima década e tornará o sistema mais equitativo”, apontou o FMI. “Para entregar os necessários ajustes fiscais, o Congresso deve preservar o sugerido aumento da idade de aposentadoria e redução de elevados benefícios, particularmente de funcionários do serviço público.”
O órgão também chamou a atenção para os riscos externos “que incluem o aprofundamento da recessão na Argentina e as tensões comerciais globais”. O alerta feito pelo FMI destacou, ainda, que “a reforma da Previdência é o passo crucial”  e que a aprovação de uma reforma robusta e medidas fiscais adicionais “são necessárias para colocar a dívida pública em uma trajetória sustentável, aumentando, assim, a confiança do investidor”.
O Fundo reforçou a preocupação de que o crescimento acelerado da dívida pública bruta, pelas contas do organismo internacional, está em 88% do PIB, “uma das maiores entre os mercados emergentes”. A expectativa do FMI é de que, com a aprovação de uma reforma robusta e condições financeiras favoráveis, “o crescimento acelere em 2020, apoiado por uma recuperação do investimento privado”.