O Estado de São Paulo, n.45859, 09/05/2019. Política, p. A8

 

Bolsonaro fala em liberar pesca em área onde foi multado 

Denise Luna 

09/05/2019

 

 

Pracinhas. Presidente fala para veteranos da 2ª Guerra

O presidente Jair Bolsonaro quer transformar o local onde foi multado em 2012 por pesca ilegal, em Angra dos Reis (RJ), em uma “Cancún Brasileira” e liberar não só a atividade como também o turismo ecológico – proibidos por se tratar de uma área protegida. Para o presidente, a Estação Ecológica de Tamoios “não preserva nada”.

“A Estação Ecológica de Tamoios (em Angra) não preserva absolutamente nada e faz com que uma área rica, que pode trazer bilhões por ano para o turismo, está (sic) parada por falta de uma visão mais objetiva, mais progressista disso daí”, disse Bolsonaro ontem, após participar de evento comemorativo aos 74 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro. Ao discursar, Bolsonaro estava ao lado do governador Wilson Witzel, que, no último fim de semana, participou de uma polêmica operação policial naquela região.

O presidente afirmou que pretende revogar o decreto que proíbe turismo e pesca submarina na estação ecológica. Segundo ele, a proibição atrapalha o desenvolvimento da região. “O meio ambiente e o progresso podem casar sim e permanecer juntos para o bem da nossa população.”

Foi justamente naquela região que Bolsonaro foi multado, em 2012, ao ser pego em flagrante pescando em área proibida. A multa, de R$ 10 mil, foi suspensa no início deste ano, após a posse na Presidência. Em março deste ano, o fiscal do Ibama responsável por multar Bolsonaro foi demitido. “Angra pode ter certeza, brevemente, se Deus quiser será uma Cancún aqui no Brasil”, disse.

Aceno. No mesmo evento, Bolsonaro exaltou as Forças Armadas. Em seu discurso, o presidente afirmou que “feliz é a pátria que tem as suas Forças Armadas que têm compromisso de lutar a qualquer preço pela liberdade e pela democracia”.

O aceno foi feito à instituição, de forma genérica, na semana em que ministros e auxiliares militares do governo federal foram alvo de críticas e xingamentos do escritor Olavo de Carvalho, considerado o “guru” dos bolsonaristas, e o presidente foi criticado por não ter feito uma defesa explícita de seus subordinados.