O globo, n. 31350, 07/06/2019. Sociedade, p. 20
Rede sueca de mercados veta alimentos brasileiros
Renato Grandelle
07/06/2019
Em protesto contra uso de agrotóxicos e desmatamento no país, maior grupo da Escandinávia no setor promove boicote
O empresário sueco Johannes Cullberg, fundador da Paradiset, a maior rede de supermercados da Escandinávia, decidiu boicotar produtos importados do Brasil depois de ter se informado sobre a alta taxa de desmatamento e o uso de pesticidas no país. Em entrevista ao GLOBO, Cullberg atribuiu os problemas ao governo de Jair Bolsonaro, a quem, em um comunicado, já havia chamado de “maníaco”.
— Li no jornal que Bolsonaro aprovou 169 pesticidas em 2019 e que outros mil estão na fila de espera — afirmou. — Também sei como o desmatamento da Amazônia, que é o pulmão do mundo, está aumentando em um ritmo insano. Me deixa frustrado como uma só pessoa pode tomar uma decisão cujo impacto será sentido por todo o planeta.
Entre os produtos brasileiros banidos da rede sueca estão manga, limão, água de coco, marcas de café e uma barra de chocolate que contém 76% de cacau nacional.
Cullberg disse que tentará persuadir seus concorrentes a aderirem a sua campanha, apresentada no Facebook com a hashtag #boycottbrazilianfood (“boicote a comida brasileira”). Segundo o sueco, pelo menos “uma ou duas” companhias devem juntar-se à sua causa contra agrotóxicos.
— Não fiz o boicote para conseguir dinheiro. Podemos sobreviver sem esses produtos — assegurou Cullberg. — Não sei como isso afetará a quantidade de consumidores, mas já vi um aumento de seguidores nas redes sociais.
Em um comunicado, a Paradiset assinalou que a maioria dos pesticidas usados nos produtos brasileiros não é permitida na União Europeia e, portanto, banida na Suécia. “Não podemos continuar oferecendo alimentos do Brasil com consciência limpa, já que a quantidade e o ritmo dos pesticidas estão aumentando fortemente no país”, diz o texto.