Valor econômico, v.20 , n. 4778, 25/06/2019. Brasil, p. A4

 

Analistas estimam que houve criação de 70 mil vagas de emprego em maio

Ana Conceição

25/06/2019

 

 

 

 

 Recorte capturado

 

 

Por Ana Conceição | De São Paulo

 

Os dados do mercado de trabalho que devem ser divulgados pelo Ministério da Economia e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta semana devem mostrar novamente uma fraca criação de empregos em maio, acompanhando a desaceleração da atividade econômica, projetam os analistas de bancos e consultorias.

Haverá algum avanço na ocupação, mas tímido, acreditam os economistas.

Para o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a mediana das estimativas aponta para a criação de 70 mil vagas formais no período. O intervalo das estimativas, contudo, é amplo: vai de 24 mil a 110 mil novas vagas.

A mediana representa um aumento na comparação com as 33,6 mil vagas de maio do ano passado, mas a base de comparação é baixa. "Maio de 2018 foi um mês ruim para a criação de empregos", diz Flavio Serrano, economista-chefe do banco chinês Haitong.

A instituição prevê a criação de 88 mil vagas, o que no ajuste sazonal feito pelo banco renderia uma criação de cerca de 10 mil empregos, ante 37 mil em abril.

"Veremos desaceleração do emprego na margem. É consistente com a perda de força da economia", afirma Serrano.

Outro dado que mostra a desaceleração no emprego formal é a média móvel trimestral, que caiu de cerca de 50 mil para números em torno dos 30 mil empregos. Por outro lado, ninguém prevê destruição líquida de empregos formais, o que não deixa de ser um alento.

A taxa de desemprego, por sua vez, deve cair 12,5% para 12,3%, segundo a média das estimativas colhidas pelo Valor Data, mesma taxa prevista por Serrano. Com ajuste sazonal, o dado marcaria 11,9%, estável ante o mês anterior.

O freio na atividade da economia tem feito cair as projeções para o mercado de trabalho. Há dois meses, o Haitong esperava a criação de 600 mil vagas formais e uma taxa média de desemprego de 11,5%. Agora, a expectativa é de menos de 400 mil empregos com carteira assinada e taxa mais próxima de 12%. É menos do que os 421 mil postos de trabalho criados no ano passado.

Para o Santander, os números do mercado de trabalho também trarão poucas novidades. A taxa de desemprego deve cair a 12,1% no trimestre encerrado em maio, recuando na série ajustada sazonalmente de 11,9% para 11,8%. "É mais um indício de que o ritmo de recuperação econômica continua sendo bastante gradual", diz a instituição, em nota.

A estimativa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) para o Caged de maio é de 32 mil vagas, o que na série ajustada pela instituição soma 10,3 mil novas vagas, desacelerando das 16 mil vagas ajustadas de abril. O Ibre-FGV vê um saldo de 534 mil vagas em 2019, um número que embora esteja acima do registrado em 2018 é ainda considerado fraco.

Serrano, do Haitong, observa que o desemprego deve continuar a cair muito lentamente até o fim do ano. Se, por um lado, isso implica uma inflação de serviços bem comportada, com espaço para juros menores, de outro, limita a demanda doméstica e a própria atividade.