Valor econômico, v.19 , n. 4635 , 23/11/2018. Brasil, p. A6

 

Cai proporção de reajustes salariais acima da inflação

Ana Conceição

23/11/2019

 

 

A proporção de reajustes salariais acima da inflação, obtidos via convenções e acordos coletivos de trabalho, caiu em outubro, segundo o boletim Salariômetro, elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

No mês passado, 63% dos acordos e convenções registrados no Ministério do Trabalho conseguiram repor mais que a inflação medida pelo INPC, que acumulou alta de 4% em 12 meses. É uma proporção menor que a média do ano, de 74,1%, e dos últimos 12 meses, de 81,5%. A fatia de reajustes abaixo do INPC ficou em 31,5% no mês, de 16,5% na média do ano e 8% em 12 meses.

 

Este pode ser mais um sinal da dificuldade nas negociações entre patrões e empregados observada nos últimos meses, mas também se deve ao aumento da inflação neste ano. De acordo com o IBGE, o acumulado em 12 meses do INPC foi de 1,87% em janeiro e subiu de forma constante até atingir 4% em outubro.

Embora a parcela maior dos reajustes tenha ficado acima da inflação, na média, eles empataram com o INPC, considerados todos os acordos e convenções registrados em outubro. Isso ocorre desde julho. Segundo a Fipe, os ganhos reais em outubro foram muito pequenos e "ficaram na segunda casa decimal".

A aceleração da inflação pode continuar a reduzir os ganhos reais de salários. Com base em estimativas do boletim Focus, do Banco Central, a Fipe projeta que o acumulado em 12 meses do INPC deve subir a 4,8% até maio do próximo ano, para depois recuar a 3,8% em dezembro.

A pesquisa da Fipe mostra, ainda, que os impasses em torno das contribuições para os sindicatos continuaram a dificultar as negociações entre as partes. Em 2018, a proporção de acordos e convenções fechados ainda é 27,7% menor que em 2017. Essa queda tem sido atribuída, entre outros fatores, à dificuldade de estabelecer uma contribuição, um ponto abolido pela reforma trabalhista e que era maior fonte de receita dos sindicatos. Não à toa, as contribuições estão entre os três itens mais negociados no ano, até outubro, ao lado do reajuste e do piso salarial.