Correio braziliense, n. 20357, 14/02/2019. Cidades, p. 20

 

DF sob risco de surto

Sarah Peres

Thiago Cotrim

14/02/2019

 

 

Dengue » Capital registra, de 30 de dezembro a 6 de fevereiro, 552 suspeitas da doença, alta de 125% em relação ao mesmo período de 2018. Recanto das Emas, Estrutural e São Sebastião são as áreas mais críticas

Os casos de dengue no Distrito Federal aumentaram 125% em relação ao mesmo período de 2018. A Secretaria de Saúde registrou 552 suspeitas da doença apenas na quinta semana epidemiológica, entre 30 de dezembro e 6 de fevereiro. Na mesma temporada do ano passado, 114 pessoas tiveram a suspeita de estarem infectadas. Se a doença não for contida, há possibilidade de surto em três regiões administrativas.

A área Leste de saúde é a que apresentou o maior número no período, com 180 registros. Houve um aumento de quase 165% em relação a 2018, quando foram 68 casos. Fazem parte da região Itapoã, Paranoá, Jardim Botânico e São Sebastião, sendo que a última centraliza 118 dos possíveis infectados.

Em janeiro, a moradora de São Sebastião Gabriela Alves, 21 anos, sofreu de perto com a doença. O irmão dela, o adestrador de cães Pedro Henrique Alves, 18, teve dengue hemorrágica. Durante uma semana, o jovem ficou de repouso, pois a quantidade de plaquetas no organismo baixou para 120 mil — uma pessoa saudável tem de 150 a 450 mil. “Foi a semana mais difícil das nossas vidas, porque o meu irmão ficou muito mal. Tive de acompanhá-lo quase diariamente ao posto de saúde para o tratamento. Ele precisou tomar bastante soro e água e ficou com várias manchas vermelhas no corpo”, detalhou Gabriela.

A Cidade Estrutural e o Recanto das Emas também tiveram aumento nos casos, com 30 e 24 registros, respectivamente. Os números do Distrito Federal têm gerado preocupação, como sinaliza a subsecretária de Vigilância à Saúde,  Elaine Morela. “Dados mostram crescimento dos casos, mas é algo visto em todo o país. Mesmo assim, a concentração da doença em regiões específicas nos dá um alerta para a avaliação das áreas. A população também precisa se engajar para combater a dengue”, alertou.

Segundo o Ministério da Saúde, o maior número de casos de dengue ocorre entre março e junho. Para Elaine, se os registros continuarem a crescer, pode ocorrer um surto da doença em regiões específicas. “Para evitar essa situação, trabalhamos com informações epidemiológicas das cidades. O nosso olhar está atento para as que apresentam alta em relação à própria região de saúde, como no caso do Recanto das Emas, da Cidade Estrutural e de São Sebastião”, acrescentou.

Combate

De acordo com a subsecretária, impedir a reprodução do mosquito Aedes aegypti é a principal ação de combate à doença. “Cada fêmea vive entre 30 a 45 dias e, durante o período, pode infectar até 300 pessoas. Para impedir a proliferação, temos um projeto conjunto para deixar a cidade limpa”, salienta. A ação faz parte do Programa SOS DF, com parceria entre a Secretaria de Saúde, o Corpo de Bombeiros, a Terracap e a Novacap.

* Estagiário sob supervisão de Guilherme Goulart

Colaborou Augusto Fernandes

(Especial para o Correio)

Atenção

Denúncias como de espaços abandonados podem ser feitas pelo site http://brasiliacontraoaedes.saude.df.gov.br ou pelos telefones

2017-1343,

99157-0815 e

99269-3673.

Casos prováveis

Região Oeste (Ceilândia e Brazlândia)

2018 —  24 casos

2019 —  71 casos

Variação —  195,8%

Sudoeste (Águas Claras, Taguatinga, Samambaia, Recanto das Emas e Vicente Pires)

2018 — 46 casos

2019 — 80 casos

Variação — 73,9%

Leste (Itapoã, Jardim Botânico, Paranoá e São Sebastião)

2018 — 68 casos

2019 — 180 casos

Variação — 164,7%

Sul (Gama e Santa Maria)

2018 — 4 casos

2019 — 12 casos

Variação — 200%

Norte (Asa Sul, Lago Sul, Asa Norte, Cruzeiro, Lago Norte e Varjão)

2018 — 75 casos

2019 — 94 casos

Variação — 25,3%

Central (Asa Sul, Lago Sul, Asa Norte, Cruzeiro, Lago Norte e Varjão)

2018 — 13 casos

2019 — 24 casos

Variação — 84,6%

Centro-Sul (Candangolândia, Estrutural, Guará, Park Way, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo 1 e 2, SIA e SCIA

2018 — 14 casos

2019 — 63 casos

Variação — 350%