O Estado de São Paulo, n. 45769, 08/02/2019. Política, p. A8

 

Após eleição, cinco partidos perdem representantes no Senado

Renan Truffi, Matheus Lara e Paulo Beraldo 

08/02/2019

 

 

 Recorte capturado

 

Desde outubro, 12 senadores já trocaram de legenda; PSD cresceu e ganhou espaço; Rede e PSDB diminuíram

Doze senadores já mudaram de partido, metade na véspera da posse. O troca-troca altera a correlação de forças entre as bancadas da Casa, diminuindo o espaço de siglas tradicionais, como o PSDB, e colocando em destaque partidos médios.

O PSD pulou da terceira para a segunda maior bancada, ultrapassando o PSDB, que ocupava essa posição. O Podemos agora é a terceira maior força – era a sétima. A sigla tem hoje o mesmo número de senadores tucanos.

Ao mesmo tempo, cinco partidos deixaram de ter representantes no Senado: PTC, PRP, PHS, PTB e Solidariedade. Todas saíram das urnas com pelo menos um senador, mas eles trocaram de legenda.

O troca-troca de partido envolve de políticos experientes, como o ex-presidente Fernando Collor (AL), aos estreantes Jorge Kajuru (GO) e Capitão Styvenson (RN).

O PTB, partido do ex-deputado Roberto Jefferson, foi quem mais perdeu quadros. A sigla elegeu dois novos senadores em outubro e, como já tinha um outro no meio do mandato, terminou 2018 com três nomes. Isso lhe garantiria uma estrutura de liderança partidária – com gabinete próprio e cargos em comissão. A legenda, no entanto, perdeu todos os senadores – dois foram para o PSD e um para o PROS – e ficou sem representante na Casa. Jefferson ainda tentou reverter a debandada, sem sucesso.

Na outra ponta está o PSD, de Gilberto Kassab. O ex-ministro e secretário licenciado de São Paulo articulou a ampliação da bancada durante o recesso e conseguiu atrair três nomes, elevando de sete para dez o número de senadores filiados ao partido que criou.

Os novatos na legenda são Nelsinho Trad (MS) e Lucas Barreto (AP), ambos originários do PTB, além do Carlos Viana (MG), do PHS. Em compensação, a sigla perdeu o senador Lasier Martins (RS) para o Podemos. Ainda assim, o PSD ultrapassou o PSDB em tamanho. Os tucanos não conseguiram seduzir nenhum novo senador e permaneceram com uma bancada de oito senadores, contra nove do PSD.

A ampliação da bancada motivou o PSD a requisitar mais espaço no Senado, com base na regra da proporcionalidade. A sigla garantiu a Primeira-Secretaria do Senado, além da presidência de uma das mais importantes comissões, a de Assuntos Econômicos (CAE).

 

Rede. O Podemos, partido do senador Alvaro Dias (PR), também se fortaleceu. A sigla filiou, além de Lasier Martins, os senadores Eduardo Girão (CE), exPROS, e o Capitão Styvenson (RN), ex-Rede. Com isso, a legenda, que tinha cinco senadores, agora tem oito. Após o crescimento, o partido garantiu a indicação para a Segunda-VicePresidência do Senado, um dos cargos mais importantes da Comissão Diretora.

A articulação de Alvaro Dias representou um duro golpe, por exemplo, para a Rede, partido de Marina Silva, que elegeu cinco senadores e perdeu dois. Um dos principais aliados de Marina, o senador Randolfe Rodrigues (AP) atuou para evitar que a debandada fosse maior. Se perdesse três senadores, a Rede não teria direito, por exemplo, a liderança na Casa.

 

Salão Verde. Na Câmara, o troca-troca não ocorreu. Até agora, apenas a deputada Bia Kicis (DF) deixou o PRP e foi para o PSL, do presidente Jair Bolsonaro. A mudança na Câmara tem uma implicação: os partidos podem pedir na Justiça o mandato do desertor, o que não ocorre no Senado.