O Estado de São Paulo, n. 45731, 01/01/2019. Política, p. A4

 

Bolsonaro toma posse e prepara pacote de medidas

01/01/2019

 

 

Presidente eleito chega ao posto máximo do País após um ciclo de 22 anos de hegemonia do PSDB e do PT no Executivo Federal; economia e segurança pública estão entre as prioridades

Eleito com mais de 57,7 milhões de votos, Jair Bolsonaro vai ser empossado hoje, às 16h, no Congresso Nacional, como o 38.º presidente da República do Brasil. Aos 63 anos, Bolsonaro, filiado ao PSL, chega ao posto máximo do País após um ciclo de 22 anos de hegemonia do PSDB e do PT no Executivo federal. Nascido em Glicério (SP), o deputado federal fluminense por sete mandatos vai suceder a Michel Temer (MDB), que assumiu em 2016 na esteira do impeachment de Dilma Rousseff.

Transformar o capital eleitoral em apoio parlamentar se impõe como desafio para o novo presidente, que se elegeu com um discurso disruptivo, antissistema, antipolítica e antipartidos.

Mas Bolsonaro vai necessitar de uma consistente base no Congresso para aprovar a maioria das promessas de campanha. Ao receber a faixa presidencial de Temer, ele receberá também um País melhor do que o seu antecessor encontrou. A economia, ainda que timidamente, voltou a crescer. O desemprego apresentou leve queda. A recuperação econômica, contudo, ainda depende da aprovação de reformas. A da Previdência vai ser apresentada em fevereiro e seu avanço é tratado como prioridade dos primeiros seis meses.

Os primeiros seis meses são considerados decisivos. Bolsonaro aposta nos dois principais nomes de sua equipe: Paulo Guedes, no Ministério da Economia, e Sérgio Moro, na Justiça e Segurança Pública. O ideário liberal de Guedes, no entanto, ainda é visto com resistência no Congresso. Bolsonaro chega ao poder sustentando o discurso contra as práticas do “toma lá, dá cá”, criticadas por ele na campanha e condenadas por Moro na Lava Jato. Além dos dois “superministros”, o capitão da reserva do Exército formou um gabinete ancorado também em oficiais das Forças e terá como vice o general Hamilton Mourão.

A eleição de Bolsonaro impulsionou os filhos nas urnas. Eduardo, o mais novo dos três irmãos políticos, foi reeleito deputado federal com a maior votação da história do País. O primogênito, Flávio, conquistou uma vaga ao Senado, mas viu seu nome no centro do episódio do Coaf.

Alvo de um atentado a faca durante a campanha, o novo presidente prometeu no discurso da vitória pacificar do País, mas seus subordinados mantêm o radicalismo nas redes sociais em temas como diplomacia internacional e questões morais.