O Estado de São Paulo, n. 45640, 02/10/2018. Política, p. A7

 

Defesa de Lula reafirma que Palocci ‘mentiu’

02/10/2018

 

 

 Recorte capturado

COLABORAÇÃO PETISTA / Advogados de ex-presidente acusam juiz Sérgio Moro de tentar interferir na eleição

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT afirmaram, em nota, que o ex-ministro Antonio Palocci “mentiu mais uma vez” nas acusações contra petistas e criticaram a decisão do juiz federal Sérgio Moro de levantar o sigilo de parte da delação premiada do ex-ministro a seis dias do primeiro turno das eleições.

Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, disse que Moro juntou, “por iniciativa própria”, o depoimento de Palocci ao processo “com o nítido objetivo de tentar causar efeitos políticos para Lula e seus aliados”. Segundo ele, Moro “não poderá levar tal depoimento em consideração no julgamento da ação penal” contra o ex-presidente por suposto recebimento de propina da Odebrecht com a compra de um apartamento em São Bernardo e de um terreno para o Instituto Lula e “a hipótese acusatória foi destruída pelas provas constituídas nos autos”.

Tanto a defesa de Lula quanto o PT afirmaram que a delação de Palocci foi recusada pelo Ministério Público por falta de provas. O partido afirmou que o líder da bancada na Câmara, Paulo Pimenta (RS), e os deputados Wadih Damous (RJ) e Paulo Teixeira (SP) vão entrar com representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), solicitando a suspeição de Moro. “O juiz Sérgio Moro é o responsável por mais uma interferência arbitrária e ilegal no processo de eleições, ao dar publicidade às mentiras de Antonio Palocci, que não tem credibilidade nem moral para falar sobre o PT”, afirmou o partido de Lula.

Ontem, Moro disse não ver “riscos” às investigações ao dar publicidade à delação .

‘Falso’. Em nota, a presidente cassada Dilma Rousseff afirmou que Palocci “inventa” que as campanhas presidenciais de 2010 e 2014 arrecadaram R$ 1,4 bilhão e que o valor é “absolutamente falso”. Segundo a candidata petista ao Senado por Minas, “apenas a hipótese de recursos tão vultosos não terem sido detectados evidencia o desespero de quem quer salvar a própria pele”. De acordo com a nota, as campanhas de Dilma custaram R$ 400 milhões, e cabe ao ex-ministro mostrar onde se encontra R$ 1 bilhão.

Procurado, o ex-presidente da Petrobrás José Sergio Gabrieli, um dos coordenadores da campanha presidencial de e Fernando Haddad (PT), não quis se manifestar. A campanha de Haddad também não se pronunciou sobre a delação do ex-ministro.

 

‘Interferência’

“O juiz Sérgio Moro é o responsável por mais uma interferência arbitrária e ilegal no processo de eleições, ao dar publicidade às mentiras de Antonio Palocci, que não tem credibilidade nem moral para falar sobre o PT.” Partido dos Trabalhadores

 

PARA LEMBRAR

STF possibilitou acordo com PF

Em 22 de junho, dois dias depois que o Supremo Tribunal Federal autorizou delegados de polícia a fecharem acordos de delação premiada, o desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Operação Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), homologou a colaboração do ex-ministro Antonio Palocci feita exclusivamente à Polícia Federal de Curitiba. Homem de confiança dos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Palocci buscou a Polícia Federal após sua negociação com o Ministério Público Federal não avançar. O ex-ministro foi preso em setembro de 2016 na Operação Omertà, 35.ª da Lava Jato.