Correio braziliense, n. 20213, 23/09/2018. Cidades, p. 17

 

Ataques e mais promessas na corrida ao Buriti

Alexandre de Paula e Pedro Grigori

23/09/2018

 

 

Candidatos ao Governo do Distrito Federal sobem o tom contra concorrentes. Rollemberg critica Fraga e Ibaneis, relacionando os dois a velhas práticas políticas. Adversários afirmam que "bateu o desespero" no governador

A duas semanas do primeiro turno das eleições, os candidatos ao Governo do Distrito Federal sobem o tom contra adversários para tentar conquistar o eleitor em uma disputa acirrada. Com cenário ainda embolado e aberto a mudanças, críticas e acusações se tornaram frequentes nas redes sociais e nos compromissos de campanha. Ontem, concorrentes ao Palácio do Buriti trocaram farpas durante agendas e peregrinaram pelo DF em busca de votos.

Candidato à reeleição, Rodrigo Rollemberg (PSB) se encontrou com policiais militares e bombeiros. O socialista apresentou às categorias projeto de plano de carreira que entraria em vigor a partir do próximo ano. Caso Rollemberg se reeleja, os militares passarão a ter estabilidade no cargo após três anos de serviço, em vez dos 10 anos previstos atualmente.

O evento ocorreu no Cruzeiro. A candidata ao Senado Leila do Vôlei (PSB) e o candidato à vice-governadoria, Eduardo Brandão (PV), dividiram palanque com o governador. No discurso, Rollemberg questionou a candidatura de adversários. “Tem gente que se vende como o novo, mas só é candidato porque o Filippelli não pode ser, porque foi preso”, alfinetou, em referência a Ibaneis Rocha (MDB), que disputa o GDF pelo mesmo partido do ex-vice-governador, candidato a deputado federal. Rollemberg pediu que o eleitorado estude não apenas a biografia dos candidatos, mas que também observe quem acompanha os concorrentes.

Em compromissos no Gama, Ibaneis Rocha rebateu as críticas. “Acho que está batendo o desespero. O baixo índice das pesquisas pesou e ele vai partir para cima de todo mundo”, disse o advogado. Para o candidato do MDB, os adversários subestimaram sua campanha. “Agora eles vêm para cima, mas perderam o tempo. Tiveram 40 dias para tentar algo contra mim”, argumentou. Filippelli concordou com a avaliação e atribuiu a fala do governador ao “desespero”.

O advogado deu foco às propostas para a cidade na agenda de ontem. Ibaneis prometeu construir um novo posto de saúde e reformar o hospital da região. “Precisamos também colocar mais médicos com urgência. A saúde não pode esperar”, afirmou.

O deputado federal Alberto Fraga, candidato ao GDF pelo Democratas, foi outro alvo das críticas do atual governador. “Agora o Fraga virou bonzinho?”, ironizou Rollemberg. O parlamentar também comentou: “Ele tem que entender que eu sou do povo e que conheço o povo”.

Fraga fez campanha na Feira de Sobradinho. No local, as questões de segurança, do transporte e da infraestrutura se destacaram entre as reclamações de comerciantes. “Tenho passado por muitas feiras e todas as que visitei precisam de reforma. Nós temos que ter uma visão mais voltada para esses locais”, comentou.

Disputa de espaço

O deputado federal licenciado Rogério Rosso (PSD) caminhou pelo Taguacenter, em Taguatinga, acompanhado do número dois na chapa, Egmar Tavares (PRB), e do candidato ao Senado Fernando Marques (SD). Ele destacou a necessidade de uma reforma tributária no DF.

No mesmo local, havia um trio elétrico do PT que destacou, no sistema de som, a participação de Rosso na aprovação do texto da proposta de Emenda Constitucional 95, que impõe limites ao gasto público. Os cabos eleitorais do pessedista responderam com vaias. Alguns chegaram a fazer sinais de armas com as mãos e apontar para o veículo.

Rosso seguiu a caminhada normalmente, mas comentou sobre o discurso petista. “O PT é interessante, porque não tem proposta, é só falar mal e denegrir as pessoas”, pontuou. Concorrente ao GDF pelo PT, Júlio Miragaya também fez caminhada mais tarde pelo Taguacenter acompanhado pelo distrital Chico Vigilante (PT) —  que tenta a reeleição —  e pelo candidato ao Senado Marcelo Neves (PT).

Paz e amor

Com agenda em Santa Maria, a líder nas últimas pesquisas eleitorais sobre a corrida ao Buriti, Eliana Pedrosa, afirmou que vai evitar embates com adversários na reta final. “Nestas próximas semanas, a temperatura deve subir, mas, da minha parte, é paz e amor”, garantiu. A ex-distrital, porém, alfinetou os candidatos que focam nas críticas. “Quem faz isso está sem convicção daquilo que vai fazer pelo seu plano de governo. Eu vou continuar sendo propositiva e aqueles que acreditam no seu trabalho também o serão.”

Durante a caminhada, Eliana defendeu a implementação de um trem que ligue Luziânia (GO) ao Plano Piloto, passando por Santa Maria e Guará. O projeto, segundo a candidata, será financiado com apoio do governo federal e do estado de Goiás. Segundo as estimativas da equipe dela, a primeira fase deve custar R$ 700 milhões e a segunda, entre R$ 1,7 bilhão e R$ 2 bilhões.

Fátima Sousa (PSol) visitou o Ceasa (SIA) e panfletou em Taguatinga, onde discursou para a militância. “É a agricultura familiar que coloca comida na mesa dos brasileiros. Aqui no DF, vamos apoiá-la para garantir que as pessoas tenham alimentação saudável, adequada e sem veneno”, declarou a professora.

Alexandre Guerra fez corpo a corpo na Feira de Santa Maria e em Samambaia. O candidato do PRP, Paulo Chagas, encontrou-se com motociclistas no Sudoeste. Guillen (PSTU) não teve agenda pública.

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