Título: Bicheiro pede ao STF para adiar depoimento
Autor: Lyra, Paulo de Tarso; Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 12/05/2012, Política, p. 4

Defesa de Carlinhos Cachoeira entra com pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para evitar a ida do contraventor à CPI do Congresso na terça-feira Os advogados de defesa do bicheiro Carlinhos Cachoeira entraram na noite de ontem com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal pedindo o adiamento do depoimento na CPI, marcado para a próxima terça-feira. Cachoeira só quer depor depois de ter acessos aos documentos do inquérito. Na última segunda-feira, a defesa do bicheiro já tinha feito o mesmo pedido, mas ele foi negado no STF e na Comissão Parlamentar de Inquérito.

O ministro Celso de Mello foi sorteado para relatar o caso. Ontem mesmo ele começou a analisar o pedido e deverá tomar a decisão antes da data prevista do depoimento. Os advogados alegam que, sem o acesso completo aos dados das Operações Vegas e Monte Carlo, além das conversas telefônicas monitoradas durante a recente operação da Polícia Federal, o depoimento de Cachoeira será infrutífero. A CPMI quer ouvir a versão do empresário para "avaliar as provas que porventura ele pretenda apresentar, de forma a lhe assegurar o contraditório e a ampla defesa".

Por isso, segundo a defesa, "é imperativo o conhecimento prévio de todas as provas que poderão servir de substrato aos questionamentos que decerto lhe serão dirigidos pelos parlamentares". E, caso o pedido não seja atendido, quem perderá é a Comissão. "Caso decida silenciar, perderá valiosa oportunidade não só de desconstruir as suspeitas que pesam sobre seus ombros, mas também de esclarecer fatos que tanto rumor têm causado". Entretanto, ainda conforme os advogados, "de toda sorte, para decidir se fala ou se cala, ele precisa antes saber o que há a seu respeito".

O pedido feito pelos advogados de Carlinhos Cachoeira dividiram a opinião dos integrantes da CPI. Para o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), o adiamento do depoimento do bicheiro na Comissão será péssimo para os trabalhos. "Não acredito que a CPI vá conceder a ele esse direito", completou Vaccarezza.

Munição Para o petista, a presença do bicheiro na Comissão é fundamental para que os deputados obtenham subsídios para ouvir os demais citados nas operações Vegas e Monte Carlo. Mas, se a Justiça acatar o pedido da defesa do contraventor, Vaccarezza acha que o cronograma de depoimentos não será tão prejudicado. "Temos muitas escutas e documentos suficientes para ajudar nos trabalhos", completou o petista.

O senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) defende o pedido do contraventor, desde que ele se comprometa a não silenciar quando convocado para a CPI. "Se o Carlinhos Cachoeira se comprometer, com o aval de seus advogados de defesa, a contar tudo sobre a organização que comanda, eu concordo em fazer qualquer tipo de acordo", completou Randolfe.

O parlamentar do Amapá afirma que, se for necessário, não vê qualquer problema no adiamento do depoimento, desde que se cumpram essas condições. "Se ele demonstrar disposição de falar o que sabe, podemos esperar uma, duas (semanas), o tempo que for necessário para ouvi-lo", completou.

"Se ele demonstrar disposição de falar o que sabe, podemos esperar uma, duas (semanas), o tempo que for necessário para ouvi-lo" Randolfe Rodrigues (PSol-AP), senador