Título: Agnelo diz confiar em Filippelli
Autor: Maria Campos, Ana
Fonte: Correio Braziliense, 01/05/2012, Política, p. 3

O governador Agnelo Queiroz (PT) declarou ontem por meio do porta-voz do Governo do DF, Ugo Braga, que tem “obrigação institucional” de não acreditar na participação do vice-governador, Tadeu Filippelli (PMDB), em suposta tentativa de prejudicá-lo. Numa das interceptações telefônicas da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, o araponga Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, insinua em conversa com Marcello de Oliveira Lopes, conhecido como Marcellão — policial civil que trabalhou com o ex-chefe de gabinete da governadoria Cláudio Monteiro —, que o vice-governador pagava jornalistas para manter uma campanha ostensiva de ataques a Agnelo.

Por conta da divulgação nos últimos dias no noticiário pela internet desse trecho das escutas do inquérito, o porta-voz do GDF fez um pronunciamento: “Sobre as informações publicadas a respeito de uma suposta articulação do vice-governador Tadeu Filipelli com jornalistas, com o intuito de prejudicá-lo, o governador Agnelo Queiroz afirma que, caso algo desse nível tenha de fato acontecido, considera inaceitável”. E acrescentou: “Porém, (Agnelo) afirma ter obrigação institucional de não acreditar em algo assim”. De acordo com Ugo Braga, o governador considera que Filippelli é leal. “O vice-governador tem demonstrado lealdade e comprometimento com o Governo do Distrito Federal, o que contradiz as conversas de terceiros interceptadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Monte Carlo”, afirmou o porta-voz.

Danos morais

Filippelli também se valeu da assessoria de imprensa para externar uma posição sobre o caso. Ele disse que “com bandidos só conversa por meio de ação na Justiça” e prometeu interpelar judicialmente os dois interlocutores do diálogo interceptado pela PF — Marcellão e Dadá, que está preso desde 29 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo. Filippelli quer uma explicação. Ele sustenta, ainda, que em 2011 ingressou com quatro ações por danos morais no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) contra um dos jornalistas que, segundo o diálogo interceptado, receberia dele R$ 100 mil para atacar Agnelo. Segundo a assessoria de Filippelli, o próprio vice-governador foi alvo de várias reportagens negativas, com conteúdo considerado ofensivo. Desde o ano passado, governador e vice mantêm uma relação instável. Eles tiveram atritos principalmente em decorrência de desentendimentos entre aliados de ambos na área de obras.

Amanhã, Filippelli vai pedir informações ao Ministério Público Federal e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), foro para investigações e processos contra governadores, sobre eventual apuração a respeito de um grupo dedicado a espionagem política, no coração do Palácio do Buriti, de que seria alvo. Na semana passada, a vice-procuradora-geral de Justiça do DF, Zenaide Souto Martins, declarou, por meio de ofício, que não há no Ministério Público do DF qualquer investigação sobre suposta espionagem contra Filippelli. O documento foi uma resposta a pedido de informações