Correio braziliense, n. 20106, 09/06/2018. Política, p. 6

 

Mesmo preso, Lula é lançado pelo PT

09/06/2018

 

 

Gleisi Hoffmann diz que campanha ocorrerá ainda que o ex-presidente não consiga registro eleitoral. Partido entra com pedido na Justiça para que, apesar de detido, ele possa gravar entrevistas e vídeo

A presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), sugeriu ontem que o partido vai manter a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República neste ano mesmo que ele não consiga o registro da Justiça Eleitoral. Condenado em segunda instância a 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Lula pode ficar inelegível, conforme a Lei da Ficha Limpa.

“Não existe nada que impeça de fazer isso (registro da candidatura de Lula). A discussão sobre impedimento começa após o registro”, disse Gleisi a jornalistas antes do evento de pré-lançamento da candidatura de Lula em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Podemos definir que ele dispute (a eleição) mesmo sem o registro. Isso tem acontecido sistematicamente com diversas candidaturas”, afirmou.

Especialistas em direito eleitoral consultados pelo PT têm dito que a legenda pode recorrer a medidas cautelares caso o registro seja negado no primeiro momento. Gleisi disse ainda que o partido já entrou com um pedido na Justiça para que Lula possa, da sala onde cumpre pena em Curitiba, gravar entrevistas e vídeos para a campanha.

A senadora também falou sobre a aproximação com o PSB, que seria, segundo ela, uma aliança prioritária. “A primeira prioridade é a eleição para presidente. As demais eleições vão ser tratadas de forma a viabilizar essa prioridade. Se tivermos uma aliança nacional com o PSB, as alianças locais vão ser estabelecidas em razão da aliança nacional”, afirmou.

Na quinta-feira, o ex-presidente disse ao governador do Piauí, Wellington Dias (PT), e ao ex-ministro Jaques Wagner que prefere um vice de outro partido na chapa do PT. Assim, desarmou o movimento de governadores petistas que defendiam a indicação, já, de um vice do próprio PT que, na prática, seria um possível substituto de Lula.

Vice
Os nomes mais citados são os do empresário Josué Gomes da Silva, filho do ex-vice-presidente José Alencar, e do ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB). Josué é considerado o “vice dos sonhos” por muitos petistas pela possibilidade de reeditar a chapa capital/trabalho vitoriosa nas eleições de 2002 e 2006. Josué se filiou recentemente ao PR orientado pelo próprio Lula. Há duas semanas, o PR decidiu testar seu nome como cabeça de chapa. O partido encomendou uma pesquisa para avaliar as chances de Josué ser o outsider na disputa.

Já o nome de Lacerda ganhou força depois da reunião entre Gleisi, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), e o presidente do PSB, Carlos Siqueira, na terça-feira, quando os partidos acertaram a tentativa de construir uma aliança nacional a partir de acordos regionais. PT e PSB negociam apoios mútuos em 11 estados (AC, AM, AP, BA, CE, ES, MG, PE, PB, PI e RO), mas as chaves são Pernambuco e Minas Gerais.

Em Pernambuco, o PT agiu para adiar o encontro estadual que poderia decidir pela candidatura própria da vereadora do Recife Marília Arraes. Em Minas, o partido defende que a vice-presidência seja oferecida a Lacerda, hoje pré-candidato ao governo contra Fernando Pimentel (PT).

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Haddad é denunciado na Justiça Eleitoral

09/06/2018

 

 

A Justiça Eleitoral abriu ação contra o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) por suposto caixa dois de R$ 2,6 milhões na eleição de 2012. O petista foi alvo da Operação Cifra Oculta, que mirou pagamentos da UTC Engenharia para sua candidatura.

A acusação formal atribui ao petista caixa dois na campanha que o elegeu. A Promotoria acusa outros quatro na mesma denúncia: o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, Francisco Macena, responsável pela contabilidade da campanha, e os empresários e donos das gráficas Francisco Carlos de Souza e Ronaldo Cândido.

 abertura da ação ocorre um dia depois da divulgação de uma pesquisa encomendada pela XP Investimento em que o ex-prefeito de São Paulo aparece em segundo lugar na disputa eleitoral, quando associado diretamente a Lula. O levantamento foi feito por telefone com mil pessoas pela Ipespe. Isoladamente, Haddad aparece com 3% das intenções de voto, mas atinge 11% quando apresentado como apoiado pelo ex-presidente.

A denúncia foi entregue à 1.ª Zona Eleitoral, por violação ao artigo 350 do Código Eleitoral — sanção de até cinco anos de reclusão. A promotoria imputa a Haddad falsidade ideológica, conteúdo falso, na prestação de contas de 2012. “Haddad omitiu informações, bem como inseriu dados inexatos, que não correspondem à realidade”, afirma a promotoria.

Defesa
O ex-prefeito Fernando Haddad, por meio de sua assessoria, informa que “o juiz Francisco Schintate, da 1.ª Zona Eleitoral ,confirmou que a denúncia apresentada pelo promotor Luiz Henrique Dal Poz apenas cumpriu as formalidades legais.” “O juiz marcou uma audiência de conciliação para 15 de julho. Depois disso, ele definirá o prazo para apresentação da defesa. Antes disso, não há como o ex-prefeito ser considerado réu.”

Sobre a denúncia do promotor, Fernando Haddad afirma “que sua defesa vai questionar a delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, dado que, em fevereiro de 2013, a prefeitura, sob gestão de Haddad, suspendeu a obra do túnel da avenida Roberto Marinho, em São Paulo, contrariando interesses do empreiteiro.”

"O juiz marcou uma audiência de conciliação para 15 de julho. Depois disso, ele definirá o prazo para apresentação da defesa. Antes disso, não há como o ex-prefeito ser considerado réu”

Assessoria de Haddad, em nota