Título: Base governista domina a CPI
Autor: Decat, Erich; Mascarenhas, Gabriel
Fonte: Correio Braziliense, 20/04/2012, Política, p. 2

Considerada imprevisível, a CPI do Cachoeira contará com uma ampla maioria de integrantes da base aliada. D as 32 v agas disponíveis no colegiado, 25 estão reservadas para os governistas contra sete destinadas aos parlamentares da oposição. Com 78% da CP I compos ta por parlamentares que apoiam o Palácio do Planalto, congressistas do DEM e do PSDB se reúnem no início da próxima semana para afinar o discurso que adotarão e traçar a estratégia que seguirão ao longo do trabalho de investigação, previsto para durar 180 dias.

Na pauta do encontro está, por exemplo, a discussão se é mais rentável para os oposicionistas tentar convocar o contraventor Carlo Augusto Ramos , o Carlinhos Cachoeir a, nesse pr imeir o momento ou se é mais interessante deixar para ouvi-lo durante o andamento das investigações . Com uma atuação mais independente no Congresso, integrantes do PSol, no entant o, já têm em mãos uma lista de nomes para possíveis explicações. O senador Randolfe Rodrigues (AP), pr ováv el suplente do bloco da minoria, tem requerimentos prontos para apresentar ao colegiado convocando Cachoeira; o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO); e Fernando Cavendish, sócio da construtora Delta, que é suspeita de envolvimento com o contraventor e tem diversos contratos com o governo feder al. “ Quando eu apresentar essas solicitações e tiver acesso ao roteiro da CPI é que vamos ver qual o nív el de isenção da base aliada nessa investigação”, afirmou Randolfe. Apesar de uma tendência de blindagem por par te do gov er no, integrantes da base avaliam como possível contraponto a CPI criada pela Assembleia Legislativa de Goiás também como objetivo de investigar a atuação de Cachoeira com agentes públicos e privados. A assembleia goiana, no entanto, conta com uma maior ia de integrantes ligados ao governador Marconi Per illo (PSDB). A CPI em Goiás deve apurar a influência do governador em atividades ilegais conduzidas por Cachoeira no estado e investigar contratos da construtora Delta com as prefeituras comandas pelos petistas na região. “O que for barr ado aqui, será liber ado em Goiás”, avalia o senador Rodr igo Rollemberg (PSB-DF), que não pretende fazer parte da comissão no Congresso.

A data-limite estabelecida para a indicação dos nomes do colegiado no Congresso ter mina na próxima terça-feira. A data foi estabelecida após a leitur a na manhã de ontem do r equerimento de criação da CPI, em sessão comandada pela vice-presidente do Congresso, Rose de Freitas (PMDB-ES).

Relator

Entre as vagas mais cobiçadas da CPI, a indefinição fica por conta da relator ia, que ficará com o PT. E xiste uma briga interna no partido entre as indicações de Cândido Vaccarezza (SP) e Odair Cunha (MG). Também entram na bolsa de cotações os nomes de Paulo Teixeira (SP) e Ricardo Berzoini (SP). Já o pr esidente da CP I será o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). Ele surge como alternativa única diante da negativa do até então prefer ido do partido, o senador Romero Jucá (RO), que já declarou publicamente não querer a cadeira. A avaliação é que o senador paraibano , aliado próximo do líder peemedebista, Renan Calheir os (AL), rezará a car tilha vinda do Palácio do Planalto e não v ai cr iar problemas ao Executivo. “ V ital é o nome do PMDB nesse cenár io, em que o par tido está com a presidência”, adiantou Renan. A maior polêmica entre as nomea ções da base aliada é a do senador E duar do Braga (PMDB-AM). Líder do governo no Senado, ele já avisou que vai recusar a indicação, caso seja oficializada por Renan Calheiros. “Não há a menor possibilidade de eu integrar a CPI. O governo está fora desse tema. Se me indicarem é porque querem me sacanear. Por que ele (R enan) não se indica?”, questionou Braga.