Valor econômico, v. 18, n. 4485, 18/04/2018. Política, p. A8.

 

Papel higiênico em embaixadas é exemplo de gestão, diz Marun

Andrea Jubé e Cristiane Bonfanti

18/04/2018

 

 

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, saiu ontem em defesa do governo após a divulgação da pesquisa Datafolha, segundo a qual 70% dos brasileiros reprovam a gestão do presidente Michel Temer. Depois de uma reunião com líderes da base aliada na Câmara dos Deputados, Marun desqualificou os adversários na disputa eleitoral e disse acreditar que a população ainda vai "cair na real", porque não é o momento de se eleger "salvadores da pátria".

Como exemplo de resultados positivos da gestão Temer, Marun citou o pleno abastecimento de papel higiênico nas representações do Brasil no exterior. "Quando assumimos, as embaixadas estavam sob ameaça de despejo, há seis meses sem pagar aluguel, os funcionários iam pro serviço levando um rolo de papel higiênico embaixo do braço", relembrou.

Ele acrescentou que se a embaixada recebesse visitas, e o visitante quisesse ir ao toilete, era preciso "pedir o papel" emprestado a um funcionário, um "vexame!"

Marun minimizou a preferência do eleitorado quanto aos pré-candidatos que lideram as intenções de voto. Lembrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preso e não poderá ser candidato. Depois citou Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Joaquim Barbosa (PSB), que aparecem logo após Lula, como supostos "salvadores da pátria", por não pertencerem à política tradicional - embora Bolsonaro acumule mandatos de deputado, e Marina tenha sido senadora e ministra.

"Daqui a pouco o país vai cair na real para saber que isso é um país que tiramos de um completo descalabro há dois anos, e não é o momento de brincar de salvador da pátria", alertou.

Na reunião com os líderes, Temer pediu empenho na aprovação dos projetos de lei de reoneração da folha de pagamentos e de privatização da Eletrobras.

Segundo relatos de líderes ouvidos pelo Valor, os deputados reclamaram do "desencontro" relativo ao decreto relativo à capitalização da Eletrobras. Temer teria afirmado aos deputados que já discutiu o assunto com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e ressaltou que o decreto permitirá apenas a continuação dos estudos técnicos.

Os projetos foram pouco discutidos e apenas o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), teria apontado as dificuldades de votar a reoneração, porque eleva a carga tributária de vários setores. (Colaboraram Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro)