O Estado de São Paulo, n.45468 , 13/08/2018. Política, p.A9

Ex-secretário do PT é preso pela PF no Rio

Roberta Pennafort 

Fabio Serapião 

Luiz Fernando Teixeira

 

 

Marcelo Sereno é um dos alvos da ação que investiga desvios em fundos de pensão

 

A Polícia Federal deflagrou ontem a Operação Rizoma, que apura esquema suspeito de pagamento de R$ 20 milhões em propina envolvendo recursos dos fundos de pensão dos Correios (Postalis) e do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpros). A investigação aponta a participação de lobistas que seriam ligados ao PT e ao MDB. O ex-secretário do PT Marcelo Sereno foi preso preventivamente.

Sereno, ex-secretário nacional de Comunicação do PT, era braço direito do ex-ministro José Dirceu na Casa Civil durante governo Luiz Inácio Lula da Silva. No despacho que autorizou a operação, o juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Criminal Federal do Rio, afirmou que ele “foi indicado como o responsável pelas transações financeiras operadas pelo Fundo de Pensão Núcleos (servidores das estatais de energia nuclear) tendo manipulado o fundo para desviar dinheiro diretamente para o PT, em 2006”.

Outro alvo foi o empresário Milton Lyra, apontado por investigadores como operador ligado ao senador Renan Calheiros (MDB-AL) – que nega ligação com o esquema.

Ao todo foram cumpridos dez mandados de prisão preventiva e 21 de busca e apreensão no Rio, Brasília e São Paulo. Foram apreendidos R$ 400 mil em dinheiro na casa de um dos operadores – a PF não divulgou o nome dele, além de computadores e documentos.

Também foi preso ontem o empresário Arthur Pinheiro Machado – apontado como o “cabeça” do esquema que vigora desde 2011, segundo o Ministério Público Federal. O juiz afirmou que o grupo “perpetuou” o esquema iniciado pelo ex-governador Sérgio Cabral (MDB).

Segundo o MPF, os valores oriundos dos fundos de pensão eram enviados para empresas no exterior gerenciadas por um operador financeiro brasileiro. As remessas, aparentemente regulares, referiam-se a operações comerciais e de prestação de serviços inexistentes. Em seguida, os recursos eram pulverizados em contas de doleiros no exterior, que os disponibilizavam em espécie no Brasil para pagamento de propina, diz o MPF.

 

Defesas. O advogado de Marcelo Sereno, Afonso Destri, criticou a conduta de Bretas. “Existem ilações do Ministério Público, então é natural que se investigue. Mas a investigação é embrionária, está só começando, e não deveria começar com a decretação da prisão, que é a medida mais dura do Direito Penal”, afirmou. “A prisão é a pior medida, é medieval, e não pode ser usada como instrumento de produção de provas.”

Em nota, advogados de Lyra disseram que suas atividades são “lícitas” e que ele está “à disposição para colaborar com a Justiça e com a investigação”. A defesa de Arthur Machado refutou qualquer relação do empresário com atos ilícitos.