O globo, n. 30894, 08/03/2018. País, p. 5

 

Bolsonaro se filia ao PSL e quer ‘bancada da metralhadora’

Maria Lima

08/03/2018

 

 

Presidente do partido espera migração de mais oito deputados

-BRASÍLIA- O deputado Jair Bolsonaro (RJ) se filiou na noite de ontem ao Partido Social Liberal (PSL) e lançou sua précandidatura à presidência da República com um discurso em defesa da revisão da lei do desarmamento. O presidenciável disse que, se eleito, vai propor o fim do monopólio de armamentos da empresa Taurus e garantiu que a chamada “bancada da bala”, que reúne os deputados que o apoiam, vai aumentar e se transformar em “bancada da metralhadora” para “defender a liberdade e a vida”.

O ato político foi marcado por orações, choro e gritos exaltados na plateia, inclusive pedindo a prisão do ex-presidente Lula. Bolsonaro, seu provável vice, senador Magno Malta (PR-ES), e o presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), disseram que ali estava sendo criado o primeiro partido oficialmente conservador, de direita, do país.

Bivar informou que hoje, na esteira de Bolsonaro, se filiarão oficialmente outros oito deputados federais à legenda. Diversos parlamentares que pretendem apoiar a candidatura do presidenciável compareceram ao lançamento ontem, entre eles Indio da Costa (PSD-RJ), précandidato a governador do Rio.

— Meu candidato ao Senado pode ser do PSL. Eu tenho uma boa estrutura de campanha e Bolsonaro vai bombar no Rio — propôs Índio.

VIOLÊNCIA COMO RECEITA

Depois de uma dezena de discursos de deputados apoiadores, o mestre de cerimônias anunciou a fala de Bolsonaro. Em meio à gritaria da plateia de “mito, mito, mito”, todos ficaram de pé para cantar o Hino Nacional. Em seguida, Magno Malta fez uma oração e todos rezaram o Pai Nosso.

No discurso, o pré-candidato tentou rebater as críticas feitas a ele, como a de que não tem preparo para comandar o país.

Sobre o risco de se instalar uma nova ditadura militar se for eleito, disse que os militares “sempre” foram amantes da liberdade e da democracia.

— Ditaduras sempre se instalam, primeiro com o desarmamento da sociedade. Nós temos que discutir sim essa questão do armamento. Falam jocosamente que sou apoiado pela bancada da bala, essa bancada vai aumentar, como diz o deputado Franscichini, vai virar a bancada da metralhadora para defender a liberdade e a vida — discursou o pré-candidato.

Bolsonaro criticou o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, e deu sua receita de combate à violência:

— Violência se combate com energia e, se for necessário, com mais violência.