Correio braziliense, n. 20034, 28/03/2018. Brasil, p. 6

 

Exército ocupa regiões mais populosas no Rio

28/03/2018

 

 

VIOLÊNCIA » Forças Armadas realizam operação no Complexo do Lins, zona norte da cidade. Ao mesmo tempo, militares fazem patrulhamento em áreas de grande circulação, frequentadas por turistas, nas praias, como Copacabana, e no Centro

Em nova operação das Forças Armadas no Rio de Janeiro, quase quatro mil agentes das forças de segurança pública realizaram a maior ação desde o início da intervenção federal no estado, que completa 40 dias. Ontem foi a vez do Complexo do Lins de Vasconcelos, na zona norte do Rio. Desde o início da semana, militares fazem patrulhamento em áreas de grande circulação das zonas sul, norte, e centro da cidade. Ontem, as equipes passaram por locais como a Candelária, e as praias de Botafogo e Copacabana.

A estimativa é que, durante a operação no Complexo dos Lins, 14 pessoas tenham sido presas, ou por cumprimento de mandado de prisão ou por flagrante de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo. Às 7h, a Estrada Grajaú-Jacarepaguá, que liga as zonas norte e oeste da cidade, já estava fechada nos dois sentidos e só foi liberada após 10 horas de ação. Os bloqueios das vias de acesso à comunidade pretendiam impedir a fuga de criminosos e coibir o roubo de veículos e de cargas.

De acordo com o Comando Militar do Leste (CML), a região é dominada pela facção criminosa Comando Vermelho. O objetivo da operação era tentar prender criminosos e localizar armamentos e drogas escondidas. Ao todo, foram deslocados 3,4 mil profissionais do Exército, e outros 350 policiais civis para cumprir mandados de prisão, e 150 policiais militares para realizar bloqueios nas vias. Eles contaram com o apoio de carros blindados e aeronaves, além de equipamentos de engenharia para a remoção de barricadas instaladas por criminosos nas ruas da comunidade.

Os traficantes tentam impedir que os carros da polícia tenham acesso às 11 comunidades que formam o Complexo do Lins, colocando os blocos de concreto em caminhões basculantes. Apesar de haver uma Unidade de Polícia Pacificadora na região desde dezembro de 2013, o Complexo de Favelas é considerado um dos principais esconderijos de quadrilhas de roubo de carga.

A ação ocorre após uma série de mortes na capital fluminense. Desde o último sábado, 11 pessoas morreram na Rocinha durante conflitos que envolveram traficantes, a Polícia Militar e o Batalhão de Operações Especiais (Bope). Entre elas estava um policial militar — o 30º a ser assassinado no estado do Rio neste ano. O Gabinete da Intervenção Federal (GIF) disse que o motivo da escolha dessa comunidade para tamanha operação é “sigiloso”. Testemunhas relataram trocas de tiros dentro da comunidade. O aplicativo Fogo Cruzado, que indica relatos de tiroteio na região, registrou cinco ocorrências ao longo do dia.

Os militares também fizeram vistoria na penitenciária Gabriel Ferreira Castilho, em Bangu, localizado na zona norte, para apreender materiais ilícitos. A operação contou com a participação de 120 inspetores de Segurança e Administração Penitenciária e 220 militares do Exército. Além da zona norte, o policiamento também está sendo feito em áreas da zona Sul e Centro da Cidade.