Título: 39 bi de euros para a Grécia
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Fonte: Correio Braziliense, 15/03/2012, Economia, p. 19

País recebe primeira parcela do socorro externo de 130 bilhões de euros e vai honrar dívida no dia 20

Bruxelas e Atenas —A Zona do Euro aprovou ontem a liberação da primeira parcela do segundo pacote de resgate da Grécia, de 130 bilhões de euros, informou o diretor do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, em um comunicado. Será liberado o equivalente a 39,4 bilhões de euros. O país europeu, pivô da crise que assola a Europa desde 2011, precisa com urgência de fundos para enfrentar vencimentos de 14,4 bilhões de euros em títulos no dia 20, próxima terça-feira. Nesta semana, Atenas concluiu a operação de troca da dívida sob a legislação grega, como parte de uma histórica reestruturação que permitirá ao país reduzir em quase um terço seu endividamento público, de 350 bilhões de euros.

A reorganização da dívida grega era uma das condições para que Bruxelas autorizasse a liberação, para o país europeu, de um segundo pacote de créditos, de 130 bilhões de euros, pendente desde outubro. "Todos os procedimentos parlamentares foram concluídos para a entrega da primeira parcela", anunciou Juncker. O plano de reestruturação, que deve eliminar 105 bilhões de euros de dívida em mãos privadas, permitirá a redução do endividamento da Grécia dos atuais 160% do Produto Interno Bruto (PIB) para 117% até 2020, segundo cálculos revisados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), pela União Europeia (UE) e pelo Banco Central Europeu (BCE). A meta inicial era de 120%.

Pensões Por força das exigências externas, a Grécia deixará de pagar 40 mil pensões por aposentadoria efetuadas de maneira indevida, declarou o ministro do Trabalho, Giorgos Koutromanis. O anúncio foi feito em um momento em que o governo se esforça para conter os gastos que conduziram ao superendividamento do país. A autoridade grega também advertiu que as aposentadorias, que já foram reduzidas em 40% nos últimos dois anos, poderão ser submetidas a novos cortes se a Grécia, que entrou no seu quinto ano de recessão, não conseguir retomar o crescimento econômico.

"Caso a recessão continue em 2013, 2014 e 2015, não poderemos manter o mesmo nível de salários e pensões", disse Koutromanis ao parlamento. Na terça-feira, o Ministério de Finanças havia anunciado que poria em dia a lista de aposentados das funções públicas para rastrear possíveis fraudes. Essa operação foi anunciada após diversos escândalos que revelaram falhas na administração e na contabilidade das contas públicas do país. Entre os erros, foi identificado o pagamento de pensões em nome de falecidos.

No mesmo dia em que a Grécia anunciou novas medidas de austeridade, o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, considerou "racional e acessível" o objetivo de um deficit público de 5,3% do PIB em 2012, imposto por Bruxelas à Espanha. "Como temos que manter sempre o maior nível de coordenação e consenso com nossos sócios europeus, decidimos aceitar a meta", declarou Rajoy. Sua proposta inicial superava os 6%.

Desemprego no Reino Unido A taxa de desemprego no Reino Unido atingiu a máxima em 16 anos nos três meses encerrados em janeiro. A maior alta foi entre os mais jovens, o que aumentou a pressão para que o governo anuncie políticas que impulsionem o crescimento do país no orçamento da próxima semana. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o desemprego caiu para 2,66 milhões no período entre novembro e janeiro, ante 2,67 milhões nos três meses até dezembro, mas a taxa geral manteve-se em 8,4% — em meses anteriores, o índice ficou igual ao período entre dezembro e janeiro de 1996. Números divulgados ontem mostraram ainda uma desaceleração inesperada no crescimento dos salários, apertando ainda mais os orçamentos domésticos com a inflação bem acima da meta de 2% do BC inglês.