O Estado de São Paulo, n. 45327, 23/11/2017. Política, p. A4.

 

Aprovação a Huck cresce 17 pontos, afirma Ipsos

Daniel Bramatti

23/11/2017

 

 

Pesquisa. Conforme o Barômetro Político Estadão-Ipsos, apresentador é a personalidade com a melhor avaliação entre os 23 nomes relacionados pelo instituto aos entrevistados

 

 

O apresentador de televisão Luciano Huck, cujo nome tem circulado como possível candidato à Presidência da República, teve melhora significativa de imagem nos últimos dois meses. Segundo a pesquisa Barômetro Político Estadão-Ipsos, a aprovação ao nome de Huck apresentou um salto de 17 pontos porcentuais desde setembro, passando de 43% para 60%. Já a desaprovação caiu de 40% para 32% no mesmo período.

Com isso, Huck passou a ser a personalidade com a melhor avaliação entre as apresentadas pelo Ipsos aos entrevistados. Todos os demais 22 nomes do Barômetro Político deste mês, porém, são do mundo político ou do Poder Judiciário, mais sujeitos ao desgaste do noticiário.

A pesquisa Ipsos não é de intenção de voto. O que os pesquisadores dizem aos entrevistados é o seguinte: “Agora vou ler o nome de alguns políticos e gostaria de saber se o (a) senhor (a) aprova ou desaprova a maneira como eles vêm atuando no País”.

“Não me surpreende que Luciano Huck tenha melhorado em aprovação”, disse Danilo Cersosimo, diretor do Ipsos. “Esse salto tem muito a ver com o fato de seu nome ter sido cogitado como candidato e de ele próprio ter dado indícios de que gostaria de concorrer. Mas o ponto é se isso vai se converter em votos. Se a eleição fosse hoje, ele teria um desempenho razoável, mas não esse cacife todo.”

Para Cersosimo, por mais que Huck seja simpático para uma parcela considerável da opinião pública, seus indicadores de aprovação não diferem muito dos de outras celebridades televisivas.

“As pessoas estão avaliando um Luciano Huck que aparece há 15 ou 20 anos na televisão”, observou o diretor do Ipsos. “Ele não tem a imagem desgastada por embates políticos, ainda não foi testado em um debate, por exemplo.”

 

Evolução. Entre os presidenciáveis, o primeiro a aparecer no ranking de aprovação do Barômetro Político, depois de Huck, é Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com 43% de avaliação positiva e 56% de negativa. As taxas do ex-presidente estão em tendência de melhora paulatina desde junho. A eventual candidatura de Lula, porém, depende da Justiça – uma condenação em segunda instância pode inviabilizar legalmente sua participação na campanha.

Em empate técnico com Lula está o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que foi convidado pelo PSB a disputar a Presidência, embora nunca tenha manifestado em público essa intenção. Barbosa tem 42% de aprovação.

Marina Silva (Rede) apresentou oscilação de 36% para 35% em sua avaliação positiva nos últimos dois meses. A desaprovação subiu de 51% para 56%.

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), voltou a perder apoio na opinião pública: sua avaliação negativa subiu de 56% para 63%. A taxa de aprovação ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) oscilou de 22% para 24%.

O juiz Sérgio Moro, titular da 13.ª Vara Federal de Curitiba e conhecido por sua atuação no julgamento de acusados da Operação Lava Jato, foi aprovado por 50% dos entrevistados neste mês.

 

 

 

OBS.: LEANTAMENTO FEITO ENTRE OS DIAS 1º E 14 DESTE MÊS, EM 72 MUNICÍPIOS, COM 1.200 ENTREVISTADOS. A MARGEM DE ERRO É DE 3 PONTOS PORCENTUAIS PARA CIMA OU PARA BAIXO; AS AVALIAÇÕES DE CADA PERSONALIDADE COMPREENDEM PERÍODOS DIVERSOS FONTE: IPSOS

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ANÁLISE

 

Apresentador vira o 'novo' com Doria fora

Eliane Cantanhêde

23/11/2017

 

 

As duas principais conclusões do salto da aprovação a Luciano Huck são, primeiro, que ele está no jogo e, segundo, que a sociedade continua em busca de um nome de centro que signifique o “novo”, uma alternativa aos políticos tradicionais. Saiu João Doria, entrou Huck no foco político e eleitoral.

Em política não há vácuo. Doria vai deixando o campo, mas a torcida insiste em alguém com as mesmas características e expectativas. Huck está no aquecimento. Apesar de reclamar das pressões e do frio na barriga, tem deixado claro que “tem responsabilidade com o País”.

Quanto mais a aprovação de Doria cai, mais a de Huck sobe. Em julho, com sua pré-campanha a todo vapor, o índice de aprovação de Doria (38%) quase empatou com o de desaprovação (45%). A distância disparou: a aprovação despencou para 19% e a desaprovação subiu para 63%, aproximando-se dos índices dos políticos tradicionais do quais ele pretendia se descolar.

Os que demonstravam simpatia por Doria foram transferindo o sentimento para Huck, que tem enorme exposição pública e deu sinais de estar no páreo: conversa com líderes políticos e privados e participa de movimentos que chama “do bem”, como o Agora! e o Renova-BR, para estimular a renovação política.

Doria e Huck servem como teste para as chances do governador Geraldo Alckmin, que venceu o embate com o prefeito e se prepara para enfrentar uma celebridade com todas as vantagens, mas também com todas as desvantagens, das celebridades. Se vencer mais essa, Alckmin herdará a aprovação a Huck. Se perder, vai ter um duro adversário nas forças de centro.