O Estado de São Paulo, n. 45265, 22/09/2017. Política, p. A7.

 

CPI convida Janot e convoca Joesley e Miller

Thiago Faria

22/09/2017

 

 

Comissão aprova depoimentos de irmãos Batista e de procurador; ex-chefe do MPF pode recusar

 

 

Em sessão esvaziada, a CPI mista da JBS aprovou ontem mais de 300 requerimentos que incluem desde pedidos de informações sobre operações da Polícia Federal até o convite para ouvir o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot. Os irmãos Joesley e Wesley Batista e o ex-procurador Marcello Miller foram convocados.

Terão de prestar depoimento na comissão 15 convocados. As audiências estão marcadas para começar já na próxima semana. Diferentemente de Janot, que pode recusar o convite e não ir à CPI mista, os convocados são obrigados a comparecer, embora possam ficar em silêncio.

O objetivo da CPI mista é investigar os negócios da empresa de processamento de carnes com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e as delações premiadas de executivos do Grupo J&F, que implicaram diretamente o presidente Michel Temer.

As delações vêm sendo alvo de polêmica e o acordo com os executivos foi rescindido pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Parlamentares da oposição, no entanto, dizem que a comissão é usada como uma espécie de revanche do grupo político do presidente Temer contra Janot e integrantes do Ministério Público Federal.

 

Calendário. No calendário definido pelo presidente da CPI mista, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), o primeiro a ser ouvido, na próxima terça-feira, será o procurador Ângelo Goulart Villela, que atuou na Operação Greenfield e foi preso suspeito de vender informações sobre as investigações envolvendo a JBS para o advogado Willer Tomaz, que representava o grupo.

O advogado também foi convocado e deverá depor à comissão no dia seguinte, quarta-feira. No mesmo dia está programado o depoimento do ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho.

Relator da CPMI e integrante da tropa de choque de Temer no Congresso, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) negou que a prioridade em ouvir Goulart esteja relacionada à chegada de mais uma denúncia contra o presidente na Câmara. “A CPMI terá de avançar independentemente da denúncia”, disse. A denúncia foi enviada ontem à Câmara e deve começar a ser analisada pelos deputados na próxima semana.