Para Gleisi, seria "trocar seis por meia dúzia"

Fabio Murakawa

07/07/2017

 

 

Recém-empossada presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse ontem que substituir Michel Temer por Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Presidência da República seria "trocar seis por meia dúzia". Antecipando um movimento "Fora Maia", ela afirmou que o partido não aceitará uma eleição indireta, em que atual presidente da Câmara é apontado como um dos favoritos, caso Temer não resista às denúncias de corrupção feitas contra ele na delação da JBS.

"Nós não achamos que o Maia seja a solução para este país. É tão ruim quanto Michel Temer. Trocar seis por meia dúzia, para o Brasil, não vale nada", afirmou, em sua primeira entrevista coletiva como presidente nacional do PT. "A nossa posição de saída do Temer está ligada à eleição direta. Senão, não adianta nada. Nós queremos que tire o Temer, mas nós não queremos que entre o Maia."

Segundo Gleisi, a rejeição ao deputado fluminense se justifica pelo fato de que ambos foram "comprometidos com o golpe" - que é como os petistas classificam o impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff no ano passado. Além disso, pesa contra Maia seu apoio à agenda de reformas em curso no Congresso Nacional, patrocinadas pelo governo Temer, mas que ela classifica como "retrocesso".

O destino de Temer neste momento está nas mãos da Câmara dos Deputados, que decidirá nos próximos dias se autoriza ou não o Supremo Tribunal Federal (STF) avaliar a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente. Caso isso ocorra, o presidente da Câmara assume o cargo nesse período. E, se Temer for afastado definitivamente, serão convocadas eleições indiretas. O PT deseja, no entanto, que seja aprovada uma PEC para a realização de eleições diretas ainda neste ano, em caso de deposição de Temer.

Gleisi cobrou uma postura do PSDB, que ensaia um desembarque do governo, em favor das realização de eleições diretas, lembrando o posicionamento já manifestado pelo ex-presidente FHC.

"Espero sinceramente que o PSDB possa se alinhar a seu presidente de honra e assine a PEC da senadora Lídice da Mata (PSB-BA) que antecipa as eleições de 2018 para 2017", disse, a respeito de uma das propostas que tramitam no Congresso. "Só fazer discurso não adianta nada para defender a democracia. Nós precisamos de algo concreto por parte do PSDB."

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4292, 07/07/2017. Especial, p. A12.