Título: Denúncias em série
Autor: Correia, Karla ; Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 09/01/2012, Política, p. 3

Reportagens publicadas na semana passada complicaram a situação política do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra. Primeiro, o ministro foi acusado de fazer uso político de verbas da pasta para favorecer Pernambuco — seu estado de origem, governado por Eduardo Campos, que é do PSB, mesmo partido dele — com um repasse de R$ 70 milhões para a construção de barragens na Bacia do Una, no estado nordestino. O valor representaria cerca de 90% da verba da pasta. Com isso, Bezerra foi pressionado pelo Palácio do Planalto e pelo PMDB a dar explicações sobre o fato de ter destinado a maior parte dos recursos de prevenção do ministério para Pernambuco.

A nova denúncia partiu de uma reportagem publicada pelo Correio mostrando que Petrolina (PE), cidade natal do ministro, foi a grande beneficiada pela compra de cisternas de plástico entre as regiões do Nordeste que serão contempladas com os equipamentos, por meio do programa vitrine do governo federal, o Plano Brasil sem Miséria. A compra das cisternas havia sido por meio de licitação, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento do São Francisco (Codevasf), presidida por Clementino Coelho — irmão de Bezerra. A matéria do Correio informou que o edital do pregão que resultou na contratação da empresa que fabricará as 60 mil cisternas, a um custo de R$ 210,6 milhões, foi assinado pelo irmão do ministro.

O Correio também mostrou que empresas do ministro Fernando Bezerra e do irmão Caio Coelho são beneficiadas por projeto de irrigação do Ministério da Integração Nacional. Após essas denúncias, a Casa Civil anunciou que o diretor interino da Área de Revitalização de Bacias Hidrográficas da Codevasf, Guilherme Almeida, irá assumir o comando da estatal em substituição ao irmão de Fernando Bezerra.

Por fim, Bezerra também é acusado de favorecer o filho Fernando Coelho na divisão de verbas destinadas a emendas parlamentares. O deputado foi o único parlamentar que teve todas as emendas, no valor total de R$ 9,1 milhões, empenhadas. Outros 219 políticos apresentaram emendas para obras financiadas pelo Ministério da Integração, mas nenhum deles teve o valor total empenhado.